Renata Giraldi
Enviada Especial
Assunção – No cargo há dois dias e enfrentando resistência dos países vizinhos, o presidente do Paraguai, Federico Franco, estendeu o primeiro dia de trabalho até tarde da noite ontem (23). Mas hoje (24), segundo assessores, ele quer passar o dia em casa, o que não garante que ficará de folga. Franco ainda não se mudou para a residência oficial e mora em sua casa em Fernando de la Mora, cidade nos arredores de Assunção, capital paraguaia.
O novo presidente demonstrou que pretende trabalhar mais de 12 horas por dia. Ontem, ele começou o sábado com reuniões antes das 8h e terminou bem depois das 20h. No palácio do governo, recebeu assessores, aliados políticos, o líder da Igreja Católica no Paraguai, condeceu entrevistas coletivas e participou de um culto ecumênico.
À noite, longe da casa de Franco, manifestantes ocuparam a frente da sede da TV pública para protestar contra o novo governo. Simpatizantes do ex-presidente Fernando Lugo condenaram o governo de Franco e disseram que não o aceitam como legítimo. No Paraguai, o clima é de expectativa. O futuro político do país divide opiniões nas ruas de Assunção. Muitos paraguaios confiam na equipe de Franco, mas temem os impactos causados pelas mudanças políticas.
O receio de parte dos que acompanham a política no Paraguai é com o possível rompimento dos países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Mercosul. Com forte dependência externa, o país pode sofrer efeitos econômicos e comerciais com uma eventual punição.
Em nota divulgada ontem à noite, o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, diz que o Brasil não irá adotar medidas que venham a prejudicar o Paraguai. No país, há rumores de sanções econômicas e comerciais por parte do Brasil em reação à forma como o ex-presidente Fernando Lugo foi destituído do poder.
“O governo brasileiro ressalta que não tomará medidas que prejudiquem o povo irmão do Paraguai. O Brasil reafirma que a democracia foi conquistada com esforço e sacrifício pelos países da região e deve ser defendida sem hesitação”, acrescenta a nota.
Franco disse que se houver sanções ao Paraguai, os principais prejudicados serão os empresários brasileiros que investem no país. Ele acrescentou que não acredita na imposição de sanções. O ministro das Relações Exteriores, José Félix Fernández Estigarribia, prometeu se empenhar para evitar as sanções.
Edição: Graça Adjuto
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