Renata Giraldi
Enviada Especial
Assunção (Paraguai) – Na segunda entrevista coletiva após tomar posse, o novo presidente do Paraguai, Federico Franco, escolheu o Brasil como tema principal. Franco disse hoje (23) que espera manter com o país vizinho e a presidenta Dilma Rousseff relações harmônicas, assim como garantiu que preservará os direitos e a segurança dos brasiguaios (agricultures brasileiros que moram em território paraguaio). Ele avisou ainda que aguarda da União de Nações Sul-Americanos (Unasul) apoio para governar.
“Temos esperanças de manter as relações harmônicas e proporcionais com o Brasil”, destacou ele, que respondeu a várias perguntas de jornalistas brasileiros. Franco não acredita em sanções por parte do Brasil ao Paraguai. “Não acredito que o Brasil aplicará sanções, pois os mais afetados seriam os empresários brasileiros que investem no Paraguai, principalmente, em Ciudad del Este”, disse. “Eu descarto [o risco de sanções]. Sou uma pessoa otimista. Há muitos empresários brasileiros investindo hoje no Paraguai”, reforçou o presidente empossado ontem (22).
Ao longo dos dez minutos de entrevista, Franco ratificou que o “Paraguai vive uma situação de normalidade” em resposta ao Brasil e aos demais países vizinhos, que levantaram dúvidas sobre a lisura do processo que levou à destituição do então presidente Fernando Lugo. Mais de três vezes, ele disse que o processo seguiu os preceitos constitucionais.
Uma das principais tensões entre os dois países é o tratamento dispensando pelas autoridades paraguaias aos brasileiros. Cerca de 6 mil brasileiros, que migraram ao Paraguai para investir em terras, reclamam de discriminação, ataques frequentes dos carperos (agricultores sem terra de origem paraguaia) e falta de apoio do governo.
Franco disse que nos 11 meses que ficará à frente do governo apoiará os brasiguaios. “Esses brasileiros que são cidadãos paraguaios terão um tratatamento preferencial. Certamente esse governo [referindo ao ex-presidente Fernando Lugo] foi o que mais nacionalizou cidadãos brasileiros radicados no Paraguai. Eles [os brasiguaios] podem ficar seguros sobre a preservação de seus direitos”, destacou ele.
Ao ser perguntado se pretende ir à Cúpula do Mercosul, em Mendoza, na Argentina, na próxima semana, Franco indicou que deverá enviar o chanceler José Félix Fernández Estigarribia para representar o Paraguai. “Minha prioridade agora é arrumar a casa e dar tempo para o Mercosul analisar a situação”, completou o presidente.
Edição: Juliana Andrade
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