Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O juiz Leão Aparecido Alves divulgou hoje (21) nota em que se defende das acusações de vazar informações da Operação Monte Carlo, que apurou suposto esquema de corrupção e exploração de jogos de azar liderado por Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Como titular da 11ª Vara Federal em Goiás, Leão deveria assumir o caso com a saída do colega Paulo Moreira Lima, ameaçado pelo crime organizado, mas se declarou impedido porque é próximo de Cachoeira e de José Olímpio Queiroga Neto, um dos principais auxiliares do empresário.
Segundo Leão, a maior prova de que não houve vazamento de informações é que Cachoeira, Queiroga e os outros réus presos no dia 29 de fevereiro não fugiram.
Interceptações da Polícia Federal datadas de 7 de fevereiro identificaram uma conversa de Cachoeira que faz suposta referência ao magistrado: "Dia 14 o Leão assume a Vara e ela ficou de avisar se vai ter prisão ou não”.
O juiz afirma que, caso os acusados tivessem sido alertados sobre a decretação das prisões, que ocorreu em 14 de fevereiro, teriam tempo suficiente para se esconderem, já que as prisões ocorreram apenas 15 dias depois.
Sobre a referência a seu nome na ligação telefônica, o magistrado diz que não pode se responsabilizar pelo que terceiros atribuem a ele e à mulher. "Lamentavelmente, nos dias de hoje, algumas pessoas se satisfazem apenas com especulações".
O juiz argumenta, ainda, que as informações obtidas pelos acusados na Operação Monte Carlo não partiram de integrantes da Justiça Federal porque a fonte não sabia das interceptações e nem que as linhas habilitadas nos Estados Unidos podiam ser monitoradas, o que já era conhecido pelos servidores da 11ª Vara.
O juiz explica as ligações entre linhas telefônicas de sua família e a de Cachoeira pela proximidade dos filhos, que estudam juntos há anos. "Melhor seria se tivesse havido a interceptação telefônica, porque nesse caso a exibição das conversas seria o suficiente para expor a verdade".
Quanto às ligações telefônicas frequentes entre sua família e a de Queiroga Neto, ele informa que a irmã do réu é madrinha de seu filho.
Leão Alves diz que recebeu apoio da corregedora nacional Eliana Calmon e do ex-corregedor do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) desembargador federal Cândido Ribeiro.
"Tenho a convicção de que a investigação inocentará as pessoas atualmente colocadas [sob suspeição] apenas com base no que terceiros disseram em conversa telefônica, na condição de suspeitos", garantiu.
Edição: Davi Oliveira
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