Monica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina
Buenos Aires - O líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina, Hugo Moyano, convocou a população para uma greve geral na próxima quarta-feira (26), acompanhada de uma manifestação em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, em Buenos Aires.
“Convidamos todos os homens e mulheres, que se sintam prejudicados pelo imposto cobrado ao trabalho, que se reúnam na Praça de Maio na quarta-feira”, disse Moyano, num anúncio transmitido ao vivo, nesta quinta-feira (21) pelas emissoras de rádio e televisão da Argentina.
Com o anúncio, o sindicalista formalizou sua ruptura com o governo da presidenta Cristina Kirchner. “Parece que estamos numa ditadura militar”, disse Moyano, que acusou o governo de “mandar, sem querer ouvir ninguém”, nem os aliados.
Moyano foi um forte aliado dos primeiros dois governos Kirchner: o de Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua mulher Cristina, reeleita para um segundo mandato de quatro anos em dezembro passado. Em nove anos, consolidou seu poder como líder do sindicato dos caminhoneiros e como secretário-geral da CGT. Mas desde a morte de Néstor, em 2011, as relações com Cristina começaram a esfriar.
Moyano deu a entender que tem aspirações políticas, ao dizer que chegou a hora de “um trabalhador ocupar a presidência” da Argentina. A presidenta, depois de retrucar que trabalha desde jovem, fechou as portas da Casa Rosada para Moyano.
“Moyano teve que aguentar calado porque a economia argentina crescia e Cristina Kirchner foi reeleita com 54% dos votos. Mas agora a situação mudou. A Argentina está sentindo os efeitos da crise mundial e as forças políticas estão de olho nas próximas eleições”, disse em entrevista à Agencia Brasil o analista politico Rosendo Fraga.
Em julho, Moyano disputa a reeleição como secretário-geral da CGT, sem o apoio do governo. Na quarta-feira passada (20), o sindicato dos caminhoneiros paralisou a distribuição de combustível no país para exigir um aumento salarial de 30%. Hoje a categoria acertou um aumento de 25,5% e suspendeu a greve parcial. Em compensação, Moyano anunciou uma greve – desta vez nacional – para exigir do governo mais subsídios aos trabalhadores de baixa renda e menos impostos.
O governo tinha ameaçado recorrer a Justiça e aplicar uma multa aos responsáveis pelo desabastecimento de combustível no país.
Edição: Fernando Fraga