Alex Rodrigues*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O 2º Festival de Ópera de Brasília chega ao fim neste final de semana, com a apresentação do espetáculo Carmen, do francês Georges Bizet (1838-1875). De hoje (21) a sábado (23), a apresentação, gratuita, começa às 20h. No domingo (24), às 18h. É preciso chegar ao Teatro Nacional com antecedência para retirar o ingresso.
Para o público, é a oportunidade de assistir, de graça, à interpretação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional para o drama protagonizado por uma das mais populares personagens da história da ópera, a cigana Carmen. Com seu talento para a dança e o canto, ela seduz os homens à sua volta, entre eles o rígido e conservador cabo do Exército Don José, e o toureiro Escamillo, que disputarão a atenção da cigana.
Bizet morreu poucos meses após Carmen estrear nos palcos parisienses, e não pôde testemunhar o reconhecimento de público e crítica que a ópera em quatro atos alcançaria em pouco tempo. Quase 140 anos após ter sido composta, mesmo o público pouco habituado ao gênero artístico certamente reconhecerá o famoso trecho inicial da obra, o Prelúdio, e a ária (música solo) Habanera.
Regida pelo maestro Cláudio Cohen, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional se apresentará com nove solistas, entre eles Mere Oliveira e Janette Dornellas – que interpretam Carmen – e o tenor Juremir Vieira. Além disso, estarão no palco um coro de 56 vozes e 28 bailarinos coreografados por Gisele Santoro.
Aberto no último final de semana de maio, o festival brasiliense atraiu mais de 9 mil espectadores às apresentações das óperas La Bohème, do italiano Giacomo Puccini (1858-1924), e Cavalleria Rusticana, do também italiano Pietro Mascagni (1863-1945). Com 1.307 assentos e capacidade para mais 100 lugares extras, a Sala Villa-Lobos, do Teatro Nacional, atingiu o limite de sua capacidade nas seis apresentações anteriores, o que não surpreende o diretor cênico de Carmen, Francisco Mayrink.
“Não me surpreende o teatro estar lotando, mas sim a forma como a ópera é encarada, como se fosse algo elitista. Originalmente, a ópera era um espetáculo popular ao qual as pessoas iam para se divertir”, lembra Mayrink, que, este ano, também atuou como figurinista da ópera La Bohéme e como diretor de palco de Cavalleria Rusticana. “[Montar uma ópera] não é um trabalho fácil. É bastante complicado, mas também muito prazeroso.”
Pela qualidade artística, o festival possibilitou o reencontro entre a cantora e atriz Sara Sarres e o público de sua cidade natal. Há 13 anos vivendo em São Paulo, a brasiliense é uma das mais requisitadas cantoras de musicais, já tendo atuado nas montagens brasileiras de Os Miseráveis, Cats, A Família Addams e O Fantasma da Ópera, espetáculo com o qual ficou dois anos em cartaz em São Paulo, com casa lotada. A última vez que se apresentou na capital federal foi em junho de 2009, em um tributo ao maestro Silvio Barbato e à cantora Juliana Aquino, que morreram no acidente com o voo 447, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico, no dia 31 de maio daquele ano. No festival, ela se apresenta, entre outros, com o brasiliense Leonardo Vieira, que também deixou Brasília para fazer carreira.
“Fico muito feliz de poder voltar a me apresentar na minha cidade, onde muitos dos meus amigos e parentes nunca tinham me visto me apresentando. E estou muito orgulhosa. Não é fácil fazer espetáculos como esses. Em termos artísticos, as produções estão impecáveis, embora, em termos cenográficos, ainda seja possível melhorar bastante. Só que, para isso, é importante que outros setores, como os empresários, abracem o festival como um presente a cidade”, disse a cantora à Agência Brasil.
*colaborou Ana Lúcia Caldas // Edição: Juliana Andrade