Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator da Comissão Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse hoje (19) que a Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) tem que esclarecer se tomou medidas para proteger a integridade do juiz Paulo Augusto Moreira Lima, afastado do processo que apura o suposto esquema criminoso comandando pelo empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.
O juiz pediu afastamento da 11ª Vara Federal em Goiás e alegou estar sofrendo ameaças de pessoas ligadas ao grupo de Cachoeira.
"É importante que a Corregedoria do TRF seja chamada a dizer que tipo de proteção deu ao juiz", disse o relator, que lamentou a saída de Moreira Lima do caso. "É preciso lamentar a saída dele, até porque essa saída se deu antes da instrução do processo. Ele não conseguiu fazer nem as audiências. É claro que isso causará um atraso nas investigações", disse.
Hoje o relator foi à Goiânia pegar pessoalmente a íntegra das gravações realizadas pela Polícia Federal. Na semana passada o juiz Moreira Lima atendeu ao pedido feito pelo relator e autorizou o acesso da comissão às gravações, sem cortes, feitas pela Polícia Federal no âmbito das operações Vegas e Monte Carlo.
"Ele deu acesso à CPMI a todos os áudios brutos. Pedi na semana passada e ele deferiu de pronto", elogiou.
Cunha disse que não chegou a conversar com Moreira Lima, mas acredita que sua ida à comissão, defendida por alguns integrantes, pode servir para aumentar os riscos para ele e sua família.
"Levar o juiz à CPMI é aumentar o sofrimento dele e sua exposição. Ele já contribuiu muito em todo processo de investigação e tem as razões dele para pedir o afastamento. Com o depoimento, ele seria mais exposto. Agora, o TRF tem que dizer que medidas tomou para proteger o juiz", disse o relator.
No entanto, Odair evitou fechar um posicionamento em relação à convocação do juiz. "Entendo que quem tem que falar agora é o TRF, mas ainda devo analisar melhor. O mais importante não é a fala dele. Ele já disse, já se expôs, prestou um brilhante serviço ao país", disse o deputado.
Com a saída de Moreira Lima, o caso deveria ser encaminhado ao titular da vara, juiz Leão Aparecido Alvez. No entanto, ele é suspeito de ter ligação com um dos investigados. Nesta terça-feira (19), a Corregedoria Nacional de Justiça divulgou que a Polícia Federal identificou um telefonema do número do magistrado para uma pessoa que integra a suposta quadrilha.
O relator também evitou falar sobre o juiz Aparecido Alves. "Acho até que ele já se colocou como impedido" , disse o relator.
Edição: Fábio Massalli