Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Apontado por ambientalistas como o principal interessado em não haver acordo sobre o uso dos recursos dos oceanos, os Estados Unidos negam que tenham se esforçado nesse sentido. Segundo o chefe dos negociadores norte-americanos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Todd Stern, os Estados Unidos não estavam bloqueando os esforços para fechamento de acordo sobre os oceanos.
“Estamos bem focados nessa área. Temos trabalhado, há muito tempo, em prol do direito do mar [Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que faz 30 anos neste ano]. Estamos bem comprometidos com a questão dos mares. Há bons avanços no documento de hoje”, disse Stern, que também é enviado especial do governo dos Estados Unidos para Mudanças Climáticas.
De acordo com o norte-americano, o documento da Rio+20 tem pontos que desagradam a todas as delegações, e com os Estados Unidos não é diferente. Para ele, o texto poderia ter levado a discussão sobre financiamento mais para o lado das diferentes possibilidades que existem hoje no mundo.
Por exemplo, em vez da criação de fundos globais, há alternativas como investimentos privados e cooperação entre países em desenvolvimento. “A orientação poderia ter sido um pouco mais como a gente vê em outras
circunstâncias, em que o foco poderia ser mais nas assistências tradicionais, do país doador ao recebedor, mas também reconhecendo as mudanças rápidas que vem acontecendo no mundo, onde diferentes tipos de fluxos financeiros têm se tornado importantes. Há importantes fluxos Sul-Sul, por exemplo”, explicou Stern.
Por outro lado, os Estados Unidos ficaram satisfeitos com a forma como ficou decidido o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e com a criação do Fórum Político de Alto Nível para discutir desenvolvimento sustentável.
Segundo Stern, o desenvolvimento sustentável é uma das prioridades dos Estados Unidos. Ele justificou a ausência do presidente Barack Obama na conferência dizendo que a representante americana, a secretária de Estado, Hillary Clinton, é uma "figura mundial". Então, os Estados Unidos estarão bem representados, afirmou.
Stern elogiou o trabalho da delegação brasileira à frente das negociações, dizendo que o Brasil atuou com uma diplomacia extremamente talentosa. Ele disse acreditar que o documento já está fechado e que os chefes de Estado e Governo não mudarão seu conteúdo, principalmente porque o Brasil, como presidente da Rio+20,
não está disposto a abrir essa possibilidade. “Acho que os brasileiros não têm nenhuma intenção de abrir o documento, porque todo mundo tem alguma coisa de que não gosta no documento.”
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Edição: Nádia Franco