Comunidade pacificada da zona sul mostra diversidade de ações ambientais em sua programação para a Rio+20

19/06/2012 - 17h52

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Pacificadas há dois anos e meio e em pleno processo de regularização fundiária, as comunidades do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho, que ocupam o mesmo morro entre Copacabana e Ipanema, na zona sul do Rio, encerram hoje (19) sua programação paralela à Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A Feira Rio+20, que ocorre no Espaço Criança Esperança, reúne desde às 10h as diversas iniciativas ambientais e culturais em curso nas duas comunidades, em atividades gratuitas abertas aos moradores e aos visitantes, muitos deles pessoas que estão na cidade para eventos ligados à conferência das Nações Unidas.

Território de atuação de várias organizações não governamentais (ONGs) e de projetos governamentais no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as comunidades do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo abrigam desde abril o projeto Geopolítica da Natureza em com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Sem fins lucrativos e até agora sem patrocinadores, o projeto propõe uma gestão ambiental sustentável e compartilhada, com ações que buscam conscientizar os moradores para questões como a reciclagem e o uso de tecnologias ecologicamente corretas.

Idealizado e coordenado pelo professor Luis Henrique Camargo, do Departamento de Geografia da Uerj, o projeto está caminhando para sua terceira fase, que consiste em um curso de formação de agentes ambientais comunitários, com inscrições no próximo mês de julho e aulas de agosto a novembro. A quarta fase, que dependerá de parcerias para a sua implantação, será a criação de uma rede de negócios ecológicos no Cantagalo e no Pavão-Pavãozinho.

O cenário de uma comunidade sustentável, concebido pela comunicadora socioambiental Cristiane Garcia e pelas designers Louise Prates e Flávia Arantes, ilustra o estande do Geopolíticas da Natureza no espaço comunitário com vista panorâmica para a Praia de Ipanema. Ao lado, outro estande mostra o Projeto Cantagalo, desenvolvido pela ONG Instituto Atlântico, com o apoio do governo do estado e da iniciativa privada.

Lançado em 2009, o Projeto Cantagalo fez o mapeamento dos imóveis da comunidade para a regularização fundiária definitiva, com a entrega de títulos de propriedade a cerca de 5 mil famílias. As primeiras 44 já receberam suas escrituras em maio do ano passado. “O processo de concessão de títulos de propriedade já está quase concluído e as obras do PAC estão fazendo o resto, abrindo uma rua ao longo da comunidade, para sua transformação em um bairro”, disse o presidente da Associação dos Moradores do Cantagalo, Luís Bezerra do Nascimento.

Para o coordenador do Geopolíticas da Natureza, é essencial o diálogo entre as diversas iniciativas ambientais em curso no local. “O nosso projeto parte de uma concepção oposta à do Instituto Atlântico. É uma iniciativa literalmente anárquica, porque estamos fugindo do Estado e buscando a consolidação da organização comunitária”, declarou o professor Luis Henrique Camargo. “Mas não se pode radicalizar nem de um lado, nem do outro. A presença do Estado e das grandes empresas é um dado histórico em nosso país”, completou.

Camargo considera que a Feira Rio+20 está permitindo aprofundar os contatos entre essas várias iniciativas. “Estou conhecendo pessoas, de várias ONGs e convidando todas, sem exceção, para que possamos discutir. A gestão do espaço, a geopolítica vê a totalidade e não uma parte”, disse.

 

Edição: Aécio Amado