Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Com a perspectiva de mostrar ao público brasileiro a diversidade cultural, social e política existente entre os 22 países de língua árabe, começa no próximo dia 25, a 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema. De acordo com os organizadores, é também objetivo da mostra apresentar um cinema muito semelhante ao brasileiro, principalmente na forma criativa de narrar suas histórias.
Segundo a diretora cultural do Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) e idealizadora da mostra, Soraya Smaili, outro aspecto que aproxima o cinema árabe e o nacional é a enorme capacidade de estabelecer diálogos. “É um diálogo que pode ser dirigido a muitos públicos diferentes. Pela complexidade e diversidade do mundo árabe, conseguimos ver muitos olhares sobre questões envolvendo mulheres, pobreza, diferenças de classes sociais, de tradições frente ao moderno e a questão do colonizado", disse Soraya. Para ela, trata-se de um debate que é permanente na sociedade: tanto lá quanto aqui. "São questões universais, não são só do mundo árabe.”
A mostra, que começou em 2005 com a exibição de apenas seis filmes, inclui este ano 32 obras de dez países árabes e foi dividida em três partes: Mapeando a Subjetividade, com 28 filmes experimentais e de vanguarda, produzidos entre a década de 1960 e os dias atuais; Um Olhar Contemporâneo, com duas produções feitas durante os levantes que marcaram a Primavera Árabe, movimento por mudanças políticas que começou no ano passado na Tunísia e no Egito; e Um Olhar Brasileiro, que traz duas obras recentes de diretores brasileiros sobre o Oriente Médio.
Para Soraya, a mostra ganhou mais complexidade após a Primavera Árabe e todas as revoltas que foram surgindo em diversos países, mostrando que o mundo árabe está mais próximo do que se imagina. "O desejo de liberdade, de expressão e de democracia acabou trazendo também um interesse maior para o cinema produzido no mundo árabe. Não é um cinema novo, tem muita tradição, mas é [um cinema] ainda desconhecido do público brasileiro”, disse ela.
A maior parte dos filmes é inédita, como Constantino, do brasileiro Otávio Cury, que será lançado durante o evento. Será exibido também Chronicle of the Years of Ember (Crônica dos Anos de Ira), primeiro filme árabe a ganhar a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, em 1975.
Na abertura da mostra, dia 25 no Cinesesc, em São Paulo, será homenageado o professor e geógrafo Aziz Ab'Saber, morto em março deste ano, que foi presidente de honra do ICArabe, instituto que promove o festival. São esperados no evento os diretores Ali Essafi, marroquino, a egípcia Maha Maamoun e o libanês Ahmad Ghossein. Os filmes serão exibidos em São Paulo até o dia 22 de julho, com um pequeno intervalo de recesso: entre os dias 6 e 12 de julho, a mostra será apresentada no Rio de Janeiro.
Mais informações sobre a 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema podem ser encontradas em http://icarabe.org/mostras/mundoarabe2012/ .
Edição: Nádia Franco