Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Brasil precisa ter uma política verdadeiramente indigenista, que dê poder aos índios, em cargos de comando no governo, principalmente na Fundação Nacional do Índio (Funai). A opinião é do líder indígena Marcos Terena, idealizador da Kari-Oca, encontro que reúne desde hoje (14) 400 índios, de 14 etnias brasileiras, e 20 representantes de tribos dos Estados Unidos, do Canadá, Japão, México e da Guatemala, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
“Na verdade, não existe política indigenista no Brasil. Nós esperamos que as nossas discussões aqui sirvam de política indigenista para o nosso país. Temos que construir isso para que o índio seja parte do processo. A Funai já teve todo tipo de presidente, militar, antropólogo, indigenista, representantes da igreja, menos índio. Se é para errar, deixa o índio mostrar se tem capacidade de exercer o poder, não só de ser considerado um problema. Exigimos esse reconhecimento.”
Durante a parte da manhã, a Kari-Oca será palco de palestras e debates em torno da Carta Indígena da Kari-Oca 2012 e, à tarde, haverá jogos e atividades culturais. No próximo domingo (17), Terena apresentará, juntamente com outras representações, o documento aos representantes dos líderes mundiais reunidos no Riocentro.
“Nós estamos participando da Rio+20 para servir de testemunhas e fazermos pressão para que os governos comecem a prestar atenção na gente. Não precisamos de uma política social de dependência. Precisamos aprender que nem tudo depende dos governos, mas também da articulação e capacidade da sociedade de construir o futuro.”
Terena denunciou a situação de violência vivida por diversos índios, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, por conta da expansão agrícola imposta por grandes produtores rurais sobre as terras indígenas. “Alguns povos vivem uma crise muito grande de violação de seus direitos, inclusive com pessoas assassinadas e sem nenhuma prisão ou resultado de proteção legal. A questão indígena não pode ser transformada em uma questão de polícia.”
Além dos atritos que ameaçam índios localizados próximos às regiões urbanas, Terena destacou o perigo iminente que o aumento das fazendas sobre as florestas poderão causar em comunidades até hoje isoladas.
A Kari-Oca está aberta à visitação pública das 9h às 19h, na antiga Colônia Juliano Moreira, na região da Taquara, no bairro de Jacarepaguá. Nesta quinta-feira, foram abertos os Jogos Verdes, com inúmeras competições típicas dos índios, como arco e flecha, cabo de força, corrida com tora e arremesso de lança.
Participam da Kari-Oca índios das etnias Kayapó, Karajá, Assurini, Xavante, Xerente, Guarani Kaiowá, Pataxó, Terena, Javaé, Bororo Boe, Kamayurá, Pareci, Manoki e Guarani.
Acompanhe a cobertura multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Rio+20.
Edição: Lana Cristina