Da Agência Brasil
Mais de mil balões nas cores branco e lilás, com imagens de crianças desaparecidas, foram soltos hoje (25) na Praça da Cruz Vermelha, no centro do Rio de Janeiro. O ato simbólico promovido pela Fundação para a Infância e Adolescência do Rio de Janeiro (FIA) marcou o Dia Internacional da Criança Desaparecida. O evento teve a presença de parentes e mães de crianças perdidas. Cartazes, pulseiras e fotos das crianças também foram distribuídos.
De acordo com o gerente do programa da FIA SOS Criança Desaparecida, Luis Henrique Oliveira, nos últimos 16 anos já foram encontradas 2.659 crianças , o que representa 85% do total de desaparecidas. No entanto, segundo ele, ainda há 477 crianças não encontradas em todo o estado do Rio de Janeiro.
Oliveira acrescentou que 76% dos casos de crianças que somem no estado são provenientes de conflitos familiares. "O que dói mais no nosso coração é saber que a maioria desses casos de desaparecimentos é em função da violência dos pais ou de um parente mais próximo. Quando elas [as crianças] são localizadas, relatam que sofriam uma violência intrafamiliar", disse.
Luis Henrique Oliveira orientou para que haja uma melhor observação por parte de pais, professores e órgãos de governo para que crianças não fujam de casa e fiquem à mercê de criminosos. Ele ressaltou que crianças que vêm apresentando hematomas pelo corpo possivelmente podem fugir de seu lar.
"Profissionais de educação podem sinalizar se uma criança não está rendendo bem em salas de aula. Precisamos investir em uma grande rede de parceiros, como conselhos tutelares, delegacias e assistência social, para evitar que essas crianças saiam de casa e fiquem dentro de uma grande rede de aliciadores, envolvendo tráfico e exploração sexual", disse.
A auxiliar de serviços gerais Lúcia Gonçalves da Silva de 40 anos, que estava presente no ato, explicou que há sete anos, desde o desaparecimento de seu filho, conta com ajuda de amigos e parentes para continuar a luta para encontrar o menino. Para ela, um dos momentos mais difíceis de conter a emoção é quando chegam o seu aniversário e o Natal.
"É muito complicado passar o Natal e aniversário sozinha. Saber que esperei um filho durante nove meses, criei com sacrifício durante dez anos e ele, do nada, some. Não tenho mais ele para abraçar nesse dia do aniversario. Chega o Natal, eu abraço todo mundo, mas falta alguém para abraçar, tem um vazio aí", disse chorando.
Segundo a representante de uma das empresas envolvidas na ação, Lucinda Miranda, o projeto Chega de Saudade, em parceria com a FIA, tem o objetivo de divulgar fotos de crianças desaparecidas em cartelas de segurança de botijões de gás. Ela ressaltou que o projeto, iniciado em 2009, distribui mensalmente 1 milhão e meio de cartelas e já conseguiu identificar 52 crianças, dessas metade já foi localizada. "São mães que estão nessa luta há algum tempo. É um ponto de interrogação na vida delas ficar sem saber se o seu filho está vivo ou não. É uma história que precisa de um ponto final e a gente está aí para a ajudar", disse.
A Fundação para a Infância e Adolescência é um órgão da administração do governo do estado do Rio vinculado à Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos. Sua missão é colaborar na formulação de políticas públicas de garantia de direitos humanos da infância e adolescência, bem como implementar e articular serviços e ações de proteção social.
Edição: Fábio Massalli