Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O reconhecimento de juros e a alta do dólar fizeram a Dívida Pública Federal (DPF) subir 1,32% em abril. Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, o estoque da DPF encerrou o mês passado em R$ 1,88 trilhão, contra R$ 1,856 trilhão registrados no fim de março.
A dívida pública mobiliária (em títulos) interna subiu 1,06%, passando de R$ 1,776 trilhão para R$ 1,795 trilhão. Isso ocorreu porque o Tesouro emitiu R$ 4,44 bilhões em títulos a mais do que resgatou. A alta, no entanto, foi impulsionada, na maior parte, pela incorporação de R$ 14,37 bilhões em taxas de juros.
O reconhecimento de juros ocorre porque a correção que o Tesouro se compromete a pagar aos investidores (que emprestam dinheiro para que o governo possa rolar a dívida) é incorporada gradualmente ao valor devido. No caso de um investidor que comprou um título por R$ 100 com correção de 12% ao ano, ele receberá R$ 964 ao final de 20 anos. Essa diferença é incorporada mês a mês ao total da dívida pública.
A subida do dólar também contribuiu para o aumento da DPF. De acordo com o Tesouro, a alta de 3,83% da moeda norte-americana em abril fez a dívida pública externa subir 7,12%, encerrando abril em R$ 85,73 bilhões, contra R$ 80,03 bilhões registrados no mês anterior. Também contribuiu para essa alta a captação de R$ 3 bilhões pelo Tesouro Nacional no exterior feita em 17 de abril.
A participação de títulos prefixados – com juros definidos antecipadamente – na dívida interna caiu de 38,81% em março para 38,55% em abril. A fatia dos títulos vinculados a taxas flutuantes como a Selic (taxa de juros básicos da economia) caiu de 27,84% para 27,7%, permanecendo no menor nível desde 1997.
A participação dos títulos corrigidos pela inflação teve leve aumento, passando de 33,11% para 33,52%. A parcela da dívida interna vinculada ao câmbio ficou praticamente estável, caindo de 0,24% para 0,23%. Esses números levam em conta as operações de swap pelo Banco Central (BC), que equivalem a operações de compra ou venda de dólar no mercado futuro e têm impacto na dívida pública.
Com taxas definidas com antecedência, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima em ciclos de alta dos juros básicos.
O prazo médio da DPF apresentou leve melhora, de 3,83 anos em março para 3,85 anos em abril. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses, no entanto, também aumentou, de 24,23% para 24,98%. Prazos mais longos são favoráveis para o Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de renegociação (rolagem) da dívida pública.
Por meio da dívida pública, o governo pega emprestados recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, se compromete a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.
Edição: Vinicius Doria