Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cento e vinte meninas de escolas e comunidades do Rio, representando índias, repetirão no dia 4 de junho, no Corcovado, o ritual de canto e dança dos índios tupinambás em homenagem a Iara, a rainha das águas. O evento é preparatório à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorrerá na capital fluminense de 20 a 22 de junho.
A cerimônia está sendo preparada pela Editora Mãe Terra e a organização não governamental (ONG) Alternativa Terrazul, dentro do programa Gigantes de Pedra, que ocorre na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, paralelamente à Rio+20. O representante da ONG no Rio, o ambientalista Carlos Henrique Painel, explicou que o evento começou a ser preparado a partir da percepção de que tanto na Cúpula dos Povos quanto na Rio+20 havia uma lacuna em relação ao trabalho com crianças.
“A Editora Mãe Terra fez uma pesquisa ampla, antropológica, e viu que os antigos índios tupinambás, que ocupavam a cidade, nomearam os seus principais morros - Pedra da Gávea, Corcovado, Bico do Papagaio, Pão de Açúcar - como os guardiães do Rio de Janeiro”, disse Painel. Ele lembrou que o Corcovado era um local sagrado para os índios, onde faziam rituais a Iara. Ali nascia o Rio Carioca, que desembocava na Praia do Flamengo.
A ideia é transmitir uma visão mais otimista às crianças em relação ao futuro do planeta e incluir esse segmento da sociedade nos debates da Rio+20, a partir da temática da água. “A gente quer mostrar que existe solução e que isso depende da mudança de comportamento”, disse o ambientalista. “As meninas estarão caracterizadas de índias tupinambás para repetir o ritual que era feito em homenagem à rainha das águas, no local que seria a nascente do Rio Uiarioca, no Corcovado”. Por extensão, serão homenageadas as águas de todo o planeta.
Entre os dias 15 e 22 de junho, a Terrazul e a Editora Mãe Terra farão também, na Cúpula dos Povos, o evento Exemplo de Solidariedade por um Mundo Melhor, que reunirá 240 estudantes, sendo 120 de escolas públicas e 120 de escolas particulares, para participar de brincadeiras e vivências ambientais. O objetivo é promover a integração entre as crianças de classes sociais e econômicas distintas e a inclusão social e ambiental, com vistas a eliminar preconceitos e a criar um mundo mais justo e igualitário.
No dia 19, está programada para a Cúpula dos Povos uma atividade lúdica, com oficinas para crianças. Na ocasião, haverá o lançamento do livro Gigantes de Pedra, da escritora Anne Raquel Sampaio. A obra conta histórias sobre mitos e lendas dos índios tupinambás, ao mesmo tempo em que aborda a atual crise ambiental.
Carlos Henrique Painel lembrou, entretanto, que a realização dos eventos está condicionada à obtenção de patrocínio. “Dependendo das cotas que a gente conseguir, vamos realizar todos os eventos”. As três cotas mínimas têm valor de R$ 12 mil cada. Os recursos estão sendo buscados em empresas públicas e privadas, como a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae) e a Tigre, do setor de tubos e conexões.
Edição: Graça Adjuto