Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A política espacial brasileira redesenhada pelo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, passa a ter um novo executor com a posse, hoje (23), do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), o físico José Raimundo Braga Coelho.
Além do novo dirigente, Raupp nomeou, na semana passada, o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o engenheiro mecânico Leonel Fernando Perondi.
Outra mudança promovida pelo ministro é a vinculação do Inpe à AEB. Raupp, que já ocupou os cargos de comando dos dois órgãos, considera estratégico que eles trabalhem juntos. Por isso, decidiu tornar o Inpe, de fato, subordinado à AEB. “Temos de deixar de ter competição entre nós”, disse em seu discurso, ao classificar a disputa como “inaceitável”.
É vontade de Raupp vincular todas as unidades de pesquisa e empresas públicas federais de ciência e tecnologia às secretarias e autarquias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No caso do Inpe, a ligação é com a AEB, de quem já recebe três quartos do seu orçamento. É exatamente o “trâmite de recursos” que tem sido o ponto de divergência entre a agência e o instituto, segundo relatou Perondi à Agência Brasil. O novo diretor do Inpe fez questão de destacar, no entanto, que “o Inpe é órgão de execução” das políticas do MCTI e da AEB.
Para Coelho, não há “dificuldade nenhuma” na nova relação com o Inpe. “A ideia está colocada, há procedimentos formais já encaminhados”, disse o novo presidente da AEB referindo-se à política espacial descrita na Estratégia Nacional de C,T&I e à programação orçamentária prevista no Plano Plurianual (PPA 2012-2015). “Eu trabalhei 20 anos no Inpe. Conheço a alma do instituto e sei como acertar pequenos detalhes para que essa conjunção de esforços seja consagrada”, disse, em tom conciliador.
Além da aproximação do Inpe com a AEB, o novo presidente da agência está afinado com Raupp no objetivo de aumentar o número de empresas privadas fornecedoras para o programa espacial. “Nós estamos estimulando todos os segmentos a colocarem as suas ideias no mundo industrial”.
“Queremos transformar isso em riqueza”, destacou Coelho. Segundo ele, o fato de levar as demandas a AEB ao setor empresarial dará “estatura própria, regularidade e estabilidade para o programa brasileiro de atividades espaciais”. O presidente da AEB também considerou necessário compatibilizar a “demanda de projetos [do programa espacial] com a oferta de recursos”. A descontinuidade do gastos do governo com o programa espacial, aliás, é criticada por especialistas.
Coelho já trabalhou com Raupp no Inpe, no Instituto Politécnico do Rio de Janeiro e na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Antes de assumir a AEB, era diretor-geral do Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP).
Edição: Lana Cristina