Mariana Jungmann e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Quando voltarem da pausa nas atividade por causa do feriado do Dia do Trabalho, os membros da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga as relações do empresário de jogos ilícitos, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e agentes públicos e privados terão 167 requerimentos para analisar. A maioria deles foi apresentada por partidos de oposição.
Os deputados e senadores da CPMI do Cachoeira também devem definir um plano de trabalho, no qual será marcada a data para o início das oitivas e os nomes de quem será ouvido. A reunião está marcada para quarta-feira (2), às 14h30.
Entre os requerimentos apresentados até agora estão pedidos para que deponham os governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O presidente licenciado da construtora Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor da companhia, Cláudio Abreu, também estão entre os nomes sugeridos para prestar depoimentos.
Além deles, já há requerimentos para que pessoas consideradas importantes entre os contatos de Cachoeira, preso sob acusação de controlar uma máfia de jogos ilegais, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o contador Geovani Pereira da Silva, sejam ouvidos. É provável que esses requerimentos sejam aprovados, por se tratar de pessoas consideradas fundamentais na investigação.
Outros nomes apresentados em requerimentos, como o do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não devem ser convocados. A maioria dos membros da CPMI é governista e terá papel decisivo na votação dos requerimentos.
A CPMI também deverá começar os trabalhos analisando os vários volumes do inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o envolvimento de parlamentares no esquema de Carlinhos Cachoeira. O inquérito, por sua vez, está fundamentado em investigações da Polícia Federal que incluíram diversos grampos telefônicos da quadrilha de Cachoeira que mostram a relação dele com o senador Demóstenes Torres e os deputados federais Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO), Stepan Nercessian (PPS-RJ), Rubens Otoni (PT-GO) e Jovair Arantes (PTB-GO).
Na última sexta-feira (27), o ministro do STF Ricardo Lewandowski autorizou o envio do inquérito à CPMI mantendo o caráter sigiloso das informações contidas nele. Por isso, apenas parlamentares da comissão deverão ter acesso ao documento. O ministro também autorizou que as sindicâncias da Câmara dos Deputados e do Senado, que estão investigando parlamentares, possam ter acesso ao inquérito.
Edição: Talita Cavalcante