Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O superávit primário, receitas menos despesas, excluídos os juros da dívida, do setor público consolidado (governo federal, estados, municípios e empresas estatais) chegou a R$ 10,442 bilhões, em março, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (27). O resultado foi menor do que o registrado em igual mês do ano passado – R$ 13,6 bilhões.
No primeiro trimestre, o superávit primário ficou em R$ 45,972 bilhões, ante R$ 39,262 bilhões registrados nos três primeiros meses de 2011. O resultado dos três primeiros meses do ano é o maior para o período na série histórica do BC, iniciada em 2001.
No trimestre, o Governo Central (Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência) registrou superávit primário de R$ 33,006 bilhões, enquanto o dos governos regionais (estaduais e municipais) ficou em R$ 13,189 bilhões. As empresas estatais, excluídos os grupos Petrobras e Eletrobras, tiveram déficit de R$ 223 milhões.
Em março, o superávit primário do Governo Central somou R$ 7,456 bilhões. Os governos regionais apresentaram R$ 2,884 bilhões e as empresas estatais, R$ 102 milhões.
Em 12 meses encerrados em março, o superávit primário do setor público ficou em R$ 135,421 bilhões, o que representou 3,22% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB). A meta de superávit primário do setor público para este ano é R$ 139,8 bilhões.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, os resultados indicam “situação favorável para o cumprimento pleno da meta este ano”.
Mas o esforço fiscal do setor público não foi suficiente para cobrir os gastos com os juros nominais (encargos financeiros) que incidem sobre a dívida. Esses juros chegaram a R$ 21,037 bilhões, em março, e acumularam R$ 58,968 bilhões nos três primeiros meses do ano. Com isso, o déficit nominal, que são receitas menos despesas, incluídos os gastos com juros, ficou em R$ 10,595 bilhões, no mês passado, e em R$ 12,995 bilhões, no primeiro trimestre.
Maciel disse que os gastos com juros no mês passado foram os piores da série do BC, mas ficaram muito próximos dos de março de 2011 (R$ 20,574 bilhões). Uma explicação para o aumento desses gastos é que, neste ano, houve um dia a mais em março do que em 2011. “Só esse componente já seria suficiente para explicar o resultado maior”, destacou.
Em 12 meses encerrados em março, os gastos com juros ficaram em R$ 236,696 bilhões, o que corresponde a 5,64% do PIB. De acordo com Maciel, a tendência é redução na relação entre gastos com juros e o PIB. A projeção para este ano é 4,3% do PIB. Se essa estimativa se confirmar, será o menor patamar da série histórica do BC.
"Vai cair de forma nítida, no segundo semestre do ano”, destacou Maciel. Segundo ele, isso será possível devido às reduções da taxa básica de juros, a Selic, e da inflação, que corrigem parte da dívida pública.
Edição: Juliana Andrade // A matéria foi ampliada às 13h04