Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A produção e as vendas da indústria de transformação paulista voltaram a registrar queda no mês de março. De acordo com estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado hoje (26), o Indicador de Nível de Atividade (INA) caiu 0,5% no mês de março, na comparação com fevereiro, com ajuste sazonal.
O mês de fevereiro havia registrado um crescimento de 1,2% ante janeiro, enquanto os meses de dezembro e janeiro acumulavam índices negativos, -0,4% e -0,8%, respectivamente.
Na comparação com os três primeiros meses de 2011, o INA registra queda de 6,1% no primeiro trimestre, acumulando, assim, o pior resultado desde 2009, quando o indicador de atividade registrou recuo de 13,6%.
“A indústria paulista não vai bem. As medidas adotadas pelo governo para impulsionar o setor somente devem ter algum efeito no segundo semestre [deste ano]. Devemos ter alguma recuperação, lenta, de menor intensidade, mas acreditamos que venha a ocorrer”, avaliou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. Ainda assim, a Fiesp estima que o INA tende a ficar em zero no acumulado do ano.
Francini citou como exemplo de medidas que favorecem o crescimento industrial a redução da taxa de juros, a desoneração da folha de pagamento na indústria e a Resolução 72, que unifica a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações interestaduais com produtos importados.
O estudo mostra ainda que não existe nenhum setor “com vitalidade suficiente capaz de puxar o índice para cima ou para baixo”. Os setores que tiveram resultados negativos foram o de celulose, papel e produtos de papel, com retração de -1,1% em relação a fevereiro; e o de produtos químicos, petroquímicos e farmacêuticos, com recuo de -7,5%, ambos com ajuste sazonal. A variação no setor de veículos automotores foi positiva, ficando em 5,9%, em relação a fevereiro.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) registrou pequena queda, com ajuste sazonal, de 0,7 ponto percentual, em comparação com fevereiro, ficando em 81,4%. Em relação a março do ano passado, também houve queda de 2,1 pontos percentuais. O setor com maior Nuci foi o de coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e produção de álcool, com 98,6% em março, sem ajuste sazonal. O setor com menor nível foi o de alimentos e bebidas, com 67,5%.
A Fiesp divulgou, ainda, a pesquisa Sensor, que mede a expectativa dos empresários sobre o cenário econômico em abril. O Sensor Geral voltou a cair, depois de leve recuperação em março, ficando em 47,2 pontos. Esse dado é medido em escala de 0 a 100 e os resultados acima de 50 representam otimismo no setor. O índice está abaixo de 50 desde agosto de 2011, com exceção do mês de março de 2012, quando atingiu 51,9 pontos.
O Sensor Mercado, que mostra como as empresas avaliam o mercado, manteve-se em 52 pontos. O Sensor Vendas, por sua vez, registrou queda de 4,1 pontos, ficando em 47,5. “Essa diferença entre mercado e vendas ocorre, porque, embora as empresas achem que o mercado não está ruim, elas não avaliam que vão conseguir vender seus produtos. É o vilão das importações”, explica Francini.
Edição: Lana Cristina