Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A mobilização de consumidores será a meta da primeira fase do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), lançado em novembro do ano passado.
O plano prevê a assinatura de pactos setoriais com empresas e entidades de classe, além de campanhas educativas para mobilizar os consumidores. As prioridades são o consumo sustentável no setor varejista e o fortalecimento do sistema de compras públicas sustentáveis, para estimular o mercado a produzir bens e serviços com base em critérios ambientais.
Segundo a secretária da Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo, por causa do aumento da classe média, o principal desafio estará nas grandes cidades.
“Temos 100 milhões de pessoas na classe média. Em menos de cinco anos, metade estará na chamada classe B, de média para alta”, disse ao participar de evento sobre compras públicas sustentáveis. “É a hora de intervirmos e fazermos da sustentabilidade uma linguagem que chegue na vida do consumidor”, completou.
Samyra Crespo disse que a prática de compras sustentáveis está em discussão no governo. “O Brasil vai liderar, ainda que suavemente, esse movimento”, comentou.
As compras sustentáveis são vistas em todo o mundo como uma forma de gerar um mercado verde e proteger o meio ambiente. Na Bolívia, por exemplo, o governo decidiu substituir as lâmpadas de 30% dos prédios públicos pelas chamadas lâmpadas de LED, que consomem menos energia e duram mais. Agora, o país pretende substituir as lâmpadas de todos os prédios de governo pelas mais econômicas.
“É uma economia que poderá ser gasta com melhorias em outros setores, como educação. Além disso, cria um mercado para as lâmpadas. Essa prática mostra que todos nós ganhamos. Não apenas o meio ambiente ou nossos filhos e netos, mas o desenvolvimento como um todo”, disse a diretora regional do escritório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) para América Latina e Caribe, Margarita Astralaga.
Na Coreia do Sul, foi lançado um cartão de crédito verde, que concede pontos para o consumidor, cada vez que ele opta por uma compra que leve em conta critérios ambientais. Esses pontos podem gerar descontos no pagamento de contas de água e luz, por exemplo. As lojas que vendem os produtos verdes recebem um selo de identificação.
Segundo o representante da Korea Indústria Ambiental e Instituto de Tecnologia, Sung-Sik Moon, um dos obstáculos para a implementação de políticas de compra de produtos sustentáveis na Coreia do Sul foi o baixo nível de informação por parte dos consumidores. Por isso, houve o investimento em informação e na certificação de alta qualidade para produtos produzidos de acordo com normas ambientais.
Para o gerente de programa do Pnuma, Farid Yaquer, minimizar os impactos ambientais e promover igualdade social e benefício econômico são os pilares que devem embasar a questão das compras públicas sustentáveis. Segundo ele, a prática não gera aumento do preço porque o custo total é calculado de acordo com a vida útil dos serviços e produtos. “As compras sustentáveis devem estar ligadas ao desenvolvimento de uma estratégia econômica do país, ao encorajamento do desenvolvimento nacional ou regional e à capacidade produtiva de produtos e serviços”, destacou.
Edição: Lílian Beraldo