Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- A secretária de Educação do município do Rio de Janeiro, Claudia Costin, disse hoje (25) que é a favor das cotas raciais para entrada nas universidades públicas brasileiras. A constitucionalidade da medida será julgada nesta tarde pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Tenho uma opinião muito firme em defesa das cotas", afirmou Costin. "Defendo, inclusive, cotas para alunos de escolas públicas", reforçou a secretária, após encontro com o presidente no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, no Rio.
Costin disse que suas recentes declarações sobre o assunto foram mal interpretadas durante o 25º Fórum da Liberdade em Porto Alegre (RS), quando afirmou, na semana passada, que “cotas raciais não fazem nenhum sentido entre a nossa população que, graças a Deus, é muito misturada" . Hoje, ela disse que as cotas devem prevalecer até que "o ensino público permita de fato igualdade de acesso" às universidades.
Durante encontro com o presidente do Inep, a secretária também voltou a defender avaliações de desempenho como o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Segundo ela, a prova serve para subsidiar mudanças nas políticas públicas, mas pode ter o método de aplicação aprimorado.
"Focar as críticas nos vazamentos [das provas] é perder de dimensão os avanços", afirmou, em relação ao episódio em que 14 questões foram divulgados com antecedência em uma escola de Fortaleza . "Se há vazamentos, não é pontual, mostra que há algo na sistemática para ser melhorado".
Perguntada sobre o motivo da resistência de alunos e professores às avaliações, Costin respondeu que manifestações no município são esparsas. "Não vejo os estudantes contra, a não ser um grupo aqui ou ali". Em relação ao Enem, ela avaliou que há falta de entendimento "sobre a riqueza do processo" e críticas "por mudanças que precisam ser feitas na prova".
Entretanto, a própria secretária enfrentou protestos de professores municipais que, além de pedirem reajuste salarial e plano de carreira unificado, criticam a política educacional adotada pela secretaria, que institui planejamento e avaliação de alunos obedecendo métodos que são impostos por fundações, organizações não governamentais (ONGs) ou institutos privados.
Já o o dirigente responsável pelo Enem, Luiz Cláudio Costa, deixou o evento na Associação Comercial do Rio sem dar entrevista. Ele prometeu uma coletiva de imprensa para falar sobre o Enem em maio.
Na última sexta-feira (20), o Ministério Público Federal (MPF) no Ceará pediu para que as notas do exame nacional não sejam utilizadas para obtenção de vagas em instituições de ensino superior no próximo semestre.
Edição: Fábio Massalli