Da Agência Brasil
Com cartões amarelos simbolizando advertência e cartazes, cerca de 40 médicos credenciados nos planos de saúde realizaram hoje (25), no centro do Rio de Janeiro, um protesto contra empresas de planos de saúde, reivindicando, entre outros itens, reajuste anual dos honorários. A manifestação faz parte do Dia Nacional de Advertência aos Planos de Saúde e os médicos também reivindicam a aprovação do projeto de lei que estabelece reajuste anual dos honorários.
Além do Rio de Janeiro, a houve manifestações no Distrito Federal, Acre, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Piauí e Rio Grande do Norte; na Bahia, Paraíba e Minas Gerais e em Pernambuco, Santa Catarina e Sergipe.
A presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Márcia Rosa de Araújo, explicou que a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) não repassa os reajustes pagos pelos pacientes e cobrados pelos planos de saúde. "Eles [a federação] só passam o reajuste para as consultas dos médicos se a gente fizer manifestação ou paralisação. O paciente recebe o aumento de seu plano e o médico, para poder receber o reajuste, tem que suspender o atendimento?", indagou.
Ainda de acordo com a presidente do Cremerj, não há um contrato das empresas informando à categoria se haverá reajustes. "Se negado o pagamento, o médico muitas vezes tem que recorrer a sedes de planos de saúde em outros estados. Elas [as empresas de seguro-saúde] colocam todas as dificuldades para que o médico não tenha a correção do honorário ou a suspensão que foi feita pelo plano".
Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e conselheiro do Cremerj, Sidney Ferreira, a categoria recebe pagamento irrisório por consultas, procedimentos, cirurgias ou partos realizados. Ele ressaltou que a quantia que recebe dos planos de saúde para determinadas cirurgias ainda precisa ser repartida com seus ajudantes.
"Em uma cirurgia de amígdala, cujo médico leva anos para aprender a técnica para que ocorra com o mínimo de risco para o paciente, o médico recebe R$ 100. Muitas vezes o médico se desloca para fazer a cirurgia, volta para dar alta ao paciente, ou seja, não paga nem a gasolina do carro", disse.
Em nota emitida por sua assessoria de imprensa, a FenaSaúde informou que suas operadoras filiadas estão entre as que pagam os maiores honorários aos médicos. Segundo a nota, o reajuste médio do valor das consultas adotado por suas filiadas entre 2005 e 2011 foi de 71,6%, índice superior à variação do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) no mesmo período, que foi de 41,9%. "A Federação reitera a confiança nas lideranças médicas e no conjunto dos milhares de profissionais que escolheram integrar a rede credenciada de prestadores médicos", diz a nota.
Apesar do protesto, os 57 mil médicos credenciados do Rio de Janeiro não pararam suas atividades ao longo do dia. A manifestação foi pacífica e não causou transtornos ao trânsito.
Edição: Fábio Massalli