Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – No menor nível em 15 anos, a participação dos títulos vinculados à taxa Selic (juros básicos da economia) na dívida pública interna cairá ainda mais até o fim do ano, disse hoje (23) o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido. Segundo números divulgados hoje pelo Tesouro Nacional, a fatia da dívida mobiliária (em títulos) interna corrigida pela Selic encerrou março em 26,3%, o menor percentual desde o início da série histórica, em 1997.
Os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima em ciclos de alta dos juros básicos. Em contrapartida, por terem taxas definidas com antecedência, os títulos prefixados são preferíveis pelo Tesouro Nacional porque permitem ao governo saber exatamente quanto vai pagar no vencimento dos papéis.
Segundo Fernando Garrido, a previsão é de que o percentual dos papéis atrelados aos juros básicos encerrará 2012 dentro da meta estabelecida pela equipe econômica no início do ano, entre 22% e 26%. Levando em consideração as operações de swap cambial pelo Banco Central, que na prática funcionam como compra e venda de dólares no mercado futuro, o percentual aumenta para 27,84%.
Grande parte da redução da Selic na composição da dívida interna deve-se a uma operação da equipe econômica para melhorar o perfil da dívida pública. Em fevereiro, o Tesouro trocou R$ 61 bilhões em Letras Financeiras do Tesouro (LFT), papel atrelado à Selic, em poder de fundos administrados pelo governo e algumas estatais federais. Os títulos foram substituídos por papéis prefixados e atrelados a índices de preços.
O processo se intensificará nos próximos meses, porque o Tesouro está em negociação com a Caixa Econômica Federal para trocar R$ 40 bilhões de títulos corrigidos pela Selic atualmente nas mãos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Garrido, no entanto, não informou em que estágio as discussões estão.
Como a taxa Selic tem sido reduzida pelo Banco Central desde o segundo semestre do ano passado, o governo atualmente leva vantagem na administração da dívida pública. Mesmo assim, o coordenador acredita que os custos maiores dos títulos prefixados compensam a emissão desses papéis. “Para o governo, os títulos prefixados dão previsibilidade maior à administração da dívida pública e reduzem o risco para o governo”, alegou Garrido.
Edição: Davi Oliveira