Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Após o governo argentino anunciar, na última segunda-feira (16), a retomada do controle da petrolífera YPF, o ministro do Planejamento Federal, Investimento Público e Serviços da Argentina, Julio de Vido, afirmou hoje (20) que seu país deseja que a Petrobras “aumente de 8% para 15%” a participação no mercado interno de petróleo e gás.
A Petrobras é a primeira companhia estrangeira que o governo argentino procurou após o anúncio da encampação da YPF, que havia sido privatizada em 1999 com o capital da empresa espanhola Repsol. Na semana que vem, de Vido, que está em visita ao Brasil, deve reunir-se com representantes das companhias de capital norte-americano e chinês.
O anúncio foi feito hoje (20), logo após audiência com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e com a presidenta da Petrobras, Maria das Graças Foster. Segundo Lobão, a estatal brasileira vem investindo nos últimos anos na Argentina cerca de US$ 500 milhões anuais, o mesmo valor projetado para 2012.
A demanda da Argentina, no entanto, é apresentada em momento que a Petrobras precisa aumentar gastos internos visando à exploração de petróleo na camada pré-sal na costa brasileira (previsão de US$ 224 bilhões), um ano após a estatal ter vendido ativos na Argentina (como postos de abastecimento e refinaria de petróleo), e menos de um mês depois de a província de Neuquén ter cancelado contrato de exploração da companhia brasileira em um campo petrolífero.
Apesar desse cancelamento recente, Lobão assegurou que não há riscos de a Petrobras sofrer qualquer tipo de intervenção na Argentina, como ocorreu com a petrolífera espanhola. “Nós confiamos nas relações com a Argentina, são relações sólidas”, avalizou. O ministro brasileiro não garantiu nenhum aumento de investimentos da Petrobras na Argentina. “A nossa intenção é investir o que mais pudermos”, disse, sem estabelecer valores e prazo.
Além da situação da participação da Petrobras no mercado argentino, Lobão e de Vido trataram dos projetos de construção conjunta das hidrelétricas binacionais Garabi e Panambi, no Rio Uruguai, em trecho de fronteira entre os dois países. Em dois meses, esse é o segundo encontro que o ministro de Minas e Energia brasileiro trata com o governo argentino sobre as hidrelétricas e os investimentos da Petrobras.
Edição: Davi Oliveira//Matéria alterada às 17h35 para correção de informações