Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Lideranças de catadores do Aterro Sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, aprovaram a decisão da prefeitura do Rio de Janeiro de pagar em cota única os R$ 21 milhões a 1,5 mil trabalhadores como forma de indenizá-los pelo fechamento do lixão, cuja data foi adiada para maio. Eles se reuniram hoje (17) com representantes da Secretaria Estadual do Ambiente, para formalizar a criação de um conselho gestor responsável por administrar os recursos destinados aos profissionais.
O dinheiro, que será disponibilizado pela prefeitura em maio, faz parte do Fundo de Valorização dos Catadores e seria liberado, inicialmente, em 14 parcelas de R$ 1,5 milhão.
Segundo o presidente da Associação dos Catadores do Aterro de Gramacho, Sebastião Santos, a medida, anunciada ontem (16) pela prefeitura, vai dar um fôlego para que os trabalhadores se reorganizem em novas atividades, mas precisa ser seguida pela implementação de projetos de sustentabilidade e de solução urbana na região.
“Como o dinheiro vai ser pago individualmente, cada um vai saber usar para resolver seus anseios. A gente deu um grande passo, que é valorizar e pagar [os catadores] por um serviço prestado há 30 anos, mas não pode parar por aí. É preciso garantir também a urbanização do bairro, construção de casas populares, creches, entre outros”, destacou ele.
Outra catadora de Gramacho, Roberta Alves, de 35 anos, conta que já faz planos para aplicar o dinheiro que vai receber.
“Vou investir toda a minha parte do fundo na fábrica de blocos que estou montando com outros catadores. É um mercado com potencial para crescer e o nosso objetivo é reaproveitar o lixo da construção civil para fabricar tijolos e outros materiais para o setor”, explicou.
De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, o conselho gestor terá uma semana para definir a lista dos 1,5 mil catadores que serão beneficiados com os recursos do fundo. Ele explicou que, para sacar o dinheiro, cada catador terá que abrir uma conta na Caixa Econômica Federal, que ficará encarregada de montar um posto avançado em Gramacho para atender os trabalhadores.
Minc acrescentou que o conselho também deverá acompanhar a criação do polo de reciclagem que será montado no bairro para absorver parte da mão de obra e a implementação de projetos de urbanização para recuperação da área.
O Aterro Sanitário de Gramacho, que ocupa uma área de 1,3 milhão de metros quadrados às margens da Baía de Guanabara, recebe 1.967 toneladas de lixo do município do Rio e 1.726 toneladas dos municípios vizinhos por dia. Considerado o maior lixão da América Latina, ele entrou em operação em 1976.
Edição: Juliana Andrade