Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) trabalha com a expectativa de queda da inadimplência no mercado de automóveis ao longo do ano. O vice-presidente da Anef, Gilson Carvalho, disse acreditar que isso ocorra nos próximos meses, já que existe uma situação de baixo desemprego, com aumento de renda real do trabalhador.
A inadimplência, no momento, pode, sim, ser temporária, disse Carvalho, após reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Analistas do mercado dizem que a inadimplência atual ainda é reflexo do momento mais crítico da crise.
“Nós estamos aguardando para ver os números fechados. Os números de março devem sinalizar alguma coisa. Aí, vamos enxergar isso com um pouco mais de clareza. Temos expectativa de que esse número se reduza", acrescentou Carvalho.
Ele explicou que, como a Anef reúne bancos ligados ao fomento do negócio de automóvel, as discussões no Ministério da Fazenda foram mais direcionadas ao setor, com questões específicas, mas voltadas para a dinamização do fluxo de financiamento. Assim como fez com as montadoras e com os bancos, o Ministério da Fazenda convidou a associação que representa as empresas financeiras das montadoras para discutir o aumento do crédito e a redução das taxas de juros cobradas nos financiamentos.
“Não é que falte dinheiro. Estamos procurando uma forma de fazer as prestações mais atrativas e de o crédito ser liberado da melhor forma. A maioria dos financiamentos para compra de veículos é realizada pelos grandes bancos. O setor funciona como um complemento”, ressaltou Carvalho.
Ele disse ainda que a inadimplência acaba tendo um peso no preço final do financiamento e na aprovação de crédito e que, dese modo, há interesse do governo e dos empresários em encontrar uma solução para o problema. Carvalho não quis antecipar quais medidas podem ser adotadas, mas informou que, no encontro com Mantega, foram discutidos vários aspectos da questão, que serão um pouco mais elaborado em busca de uma agenda comum para melhorar o crédito.
"Temos que trabalhar a seis mãos: Febraban [Federação Brasileira de Bancos], Anef e Ministério da Fazenda", disse Carvalho. Para ele, é necessário um trabalho mais profundo para dinamizar o crédito. "Liquidez o mercado tem. Outra coisa é ter certeza de que se vai emprestar e receber depois”, destacou.
Segundo o representante da Anef, os grandes bancos representam a maior fatia do mercado de financiamento de veículos, ficando as empresas financeiras das montadoras com pouco mais de 25% da concessão de crédito. Mesmo assim, as financeiras das montadoras são mais agressivas e rejeitam bem menos o cadastro do comprador. “Rejeitamos sempre um pouco menos fichas do que os demais [agentes de crédito]. Isso quer dizer: houve um momento em que eram rejeitadas sete fichas em dez. Hoje, o número está em cinco no nosso caso.”
Antes de receber os representantes da Anef, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou os bancos privados, que, segundo ele, provocam retenção de crédito, cobram o maior spread (diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada dos clientes) do mundo e “querem jogar a conta nas costas do governo”.
Edição: Nádia Franco