Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A diferença entre a remuneração média dos funcionários admitidos nos bancos do país em 2011 e a dos que foram demitidos no período aumentou para 40,87%. O dado consta da Pesquisa de Emprego Bancário, feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e o Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese).
De acordo com o levantamento, divulgado hoje (12), a média salarial dos novos contratados ficou em R$ 2.430,57 no ano passado enquanto a dos que foram demitidos ficou em R$ 4.110,26. Em 2010, a diferença da média salarial dos dois grupos era 37,6%. Nos demais setores da economia, segundo a pesquisa, a diferença é 7,1%.
Em 2011, os bancos criaram 23.599 novos postos de trabalho. A pesquisa foi feita com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Os dados demonstram o acirramento da estratégia espúria dos bancos de utilizar a rotatividade para reduzir a despesa de pessoal”, avaliou o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro. “Os cinco maiores bancos registraram um lucro líquido de R$ 50,7 bilhões em 2011, número 9,8% maior que o do ano anterior, e aumentaram a remuneração de seus executivos. É uma situação absurda”, acrescentou.
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o setor bancário registra uma das mais baixas taxas de rotatividade entre os vários segmentos da economia. Segundo a entidade, a rotatividade, por iniciativa do empregador, é algo em torno de 2%.
“Em relação ao salário médio de um trabalhador que está se desligando de uma instituição financeira, observa-se que esse sempre será maior comparado ao daquele que está ingressando, pois ele [o funcionário que está saindo] já cumpriu um plano de carreira dentro do banco, usufruindo de promoções que resultaram em aumentos salariais”, alegou a entidade, em nota.
“É uma situação totalmente diferente da pessoa que está chegando à instituição, que tem uma cadeia de promoções a seguir. Isso é uma prática comum nas corporações de todos os segmentos da economia e não apenas ao setor bancário”, disse a Febraban.
Edição: Lana Cristina