Daniel Lima*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, evitou, hoje (10), falar sobre o pedido do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, para que a Receita Federal pague uma dívida de aproximadamente R$ 300 milhões que o Fisco tem com o setor, devido à prestação de serviços.
“Eu pensei que eles viessem trazer R$ 300 milhões”, disse o ministro, demonstrando bom humor, ao chegar ao Ministério da Fazenda, em Brasília, vindo de São Paulo.
De acordo com o presidente da Febraban, além da dívida de R$ 300 milhões, contraída no ano passado, foram discutidas pela manhã, com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, mudanças na operação de arrecadação de impostos, incluindo o estabelecimento de taxas mais baixas.
O tema do spread bancário – diferença entre o custo do dinheiro que os bancos captam dos investidores e as taxas aplicadas nas operações de crédito oferecido aos clientes – será discutido, logo mais às 15h, com o secretário executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Henrique de Oliveira.
Seguindo o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal anunciou, na semana passada, que irá reduzir as taxas de juros cobradas dos clientes nas operações de crédito. Assim, a Caixa também passa a reforçar a política do governo de pressionar o sistema financeiro para que reduza o spread bancário.
Mais cedo, ainda quando estava na capital paulista, Mantega reiterou a expectativa de que a economia brasileira cresça mais de 4% neste ano, taxa que ficará acima da média mundial estimada por ele em pouco mais de 3%. “É um desafio que temos e não é quixotesco”, em referência à eterna busca do personagem espanhol Dom Quixote De La Mancha, de Miguel de Cervantes, em realizar seus sonhos, sem conseguir concretizá-los.
A declaração foi feita na cerimônia de abertura da terceira edição da Automec Pesados & Comerciais, feira internacional especializada em peças, equipamentos e serviços para veículos pesados e comerciais, em que Mantega recebeu de presente uma escultura do personagem. Ele enfatizou, ainda, que o governo brasileiro tem conseguido “derrubar os moinhos de vento para deixar a nação no caminho do desenvolvimento”. Para isso, no entanto, Mantega disse que é necessária uma parceria com o setor privado.
Ele recomendou aos bancos do setor privado que sigam o exemplo da redução das taxas, pelos bancos oficiais, cobradas sobre os financiamentos para baratear os empréstimos para as atividades produtivas.
Mantega garantiu que o governo está atento em relação às oscilações do mercado de câmbio e que poderá tomar medidas sempre que julgar necessário contra uma supervalorização do real diante do dólar. Com a medida da desoneração da folha de pagamento para vários setores, na semana passada, por exemplo, ele calculou uma redução de custos para os empresários de cerca de R$ 500 milhões, valor que poderá dobrar no ano que vem.
* Colaborou Marli Moreira, de São Paulo
Edição: Lana Cristina//A matéria foi ampliada às 15h44