Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O PSOL apresentou hoje (28) representação no Conselho de Ética do Senado contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Os representantes do partido querem que o conselho abra processo por quebra de decoro parlamentar baseado em denúncias veiculadas na imprensa sobre as relações de Torres com o empresário envolvido na exploração de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira.
A representação cita as gravações feitas pela Polícia Federal que registram solicitação de dinheiro a Cachoeira, feita por Demóstenes. As gravações também registram informações privilegiadas repassadas por Demóstenes para o empresário, acusado de controlar jogos ilegais em Goiás.
“Apresentamos a representação contra o senador Demóstenes Torres no Conselho de Ética do Senado por achar que já existem denúncias bastante consistentes contra ele”, explicou o presidente do PSOL, deputado Ivan Valente (SP).
Segundo ele, o partido aguarda mais informações sobre a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que resultou na prisão de Cachoeira, para também pedir investigações sobre outros parlamentares. Os deputados Carlos Alberto Lereia (PP-GO) e Sandes Júnior (PSDB-GO) também são citados nas reportagens que mostram os grampos telefônicos vazados. Valente acredita que ainda não há consistência nas denúncias contra os deputados para que o partido apresente representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
“Pedimos ontem ao procurador-geral da República outros dados de gravações e denúncias para que a representação que pretendemos fazer tenha consistência. Entendemos que ainda faltam dados objetivos para a entrada no Conselho de Ética da Câmara”, explicou Valente.
Colega de oposição de Demóstenes Torres, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), disse que “não é agradável” pedir que um colega seja investigado. Apesar disso, ele disse que “graves e notórios acontecimentos” estão sendo mostrados e o Congresso Nacional está sendo chamado a se manifestar sobre eles.
Para Randolfe, o bicheiro Carlinhos Cachoeira tem relacionamentos “amplos, gerais e irrestritos” com autoridades. É possível, segundo o senado do PSOL, que uma operação de abafamento das denúncias contra Demóstenes Torres possa ser colocada em prática para proteger outras pessoas. “Se houver alguma pizza (manobra) em curso, não queremos participar do tempero dela”, disse o senador.
A partir da representação apresentada pelo PSOL, o presidente do Conselho de Ética poderá decidir se acata o pedido de abertura do processo ou se determina o arquivamento dele. Se o presidente decidir pelo arquivamento da representação, qualquer membro do Conselho de Ética pode entrar com recurso visando a abrir o processo.
O senador Jayme Campos (DEM-MT), que está interinamente na presidência do conselho, disse que irá pedir à consultoria jurídica do Senado parecer sobre a admissibilidade da representação.
Edição: José Romildo