Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Democratas, José Agripino Maia (RN), disse hoje (27) que o partido está incomodado com as denúncias publicadas na imprensa da participação do líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), em um suposto esquema de corrupção comandado pelo empresário José Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ele aguarda um possível pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) de abertura de ação contra o parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF). Só a partir daí, a legenda vai debater uma eventual abertura de processo de expulsão de Demóstenes Torres.
"A situação no partido é incomodante. A dúvida gera o incômodo", frisou José Agripino. Para ele, se o Ministério Público tem elementos suficientes para pedir a abertura de processo no STF não tem cabimento a demora do procurador-geral Roberto Gurgel em definir o caso. Todas as investigações são resultado da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, já encaminhadas à PGR. "Seria um demérito a Procuradoria-Geral da República não apresentar as gravações feitas", completou. Ele acrescentou que é necessário o partido analisar a gravidade e a qualidade das denúncias para definir o caso.
O corregedor do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), enviou hoje pedido de informações ao Ministério Público para que a entidade encaminhe a ele as informações de um suposto envolvimento de Demóstenes no esquema de corrupção investigado pela operação Monte Carlo. Segundo ele, só depois disso, é possível definir se encaminha denúncia ao Conselho de Ética.
O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), e os líderes do PDT, Acir Gurgacz (RO), e do PSB, Lídice da Mata (BA), encaminharam ofício hoje a Roberto Gurgel para que "preste os devidos esclarecimentos" sobre as providências adotadas, as que estão em curso e os próximos procedimentos que adotará no caso. Há oito dias, Pinheiro e outros senadores enviaram ao Ministério Público pedido de informações sobre as denúncias que envolvem supostamente Demóstenes Torres e que estão sob a tutela da Procuradoria-Geral da República.
Walter Pinheiro telefonou hoje pela manhã para Gurgel na tentativa de marcar um encontro. Segundo ele, o procurador-geral disse que não poderia agendar compromissos, porque participaria de um seminário durante todo o dia. "Estamos cobrando, por ofício, que ele [Roberto Gurgel] cumpra a função dele".
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que é preciso evitar qualquer “politização” do assunto. Ele ressaltou que os dados investigados pela Polícia Federal estão no Ministério Público e, agora, cabe aguardar o encaminhamento que será dado por Roberto Gurgel.
A assessoria de Demóstenes Torres disse que ele não dará qualquer entrevista sobre o assunto. Ele tem evitado se pronunciar desde que as primeiras denúncias tornaram-se públicas há dez dias.
Edição: Talita Cavalcante