Luana Lourenço*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e 28 grandes empresários do país para discutir, entre outros temas, medidas para proteção da indústria nacional diante da valorização do real também serviu para que o empresariado manifestasse apoio político ao governo, que passa por dificuldades na relação com o Congresso Nacional.
Segundo o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, Dilma não tocou na crise política durante a reunião, mas o assunto foi lembrado pelos empresários. “Ela não fez [menção à crise], mas nós fizemos. Em todos os projetos de interesse do Brasil, nós estaremos a postos, como estamos nessa questão da Resolução 72”, disse, referindo-se à medida em análise no Senado para uniformizar a alíquota interestadual do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre produtos importados.
O setor produtivo, liderado pela Fiesp, argumenta que a Resolução 72 pode pôr fim à chamada “guerra dos portos”, em que os estados oferecem benefícios tributários à entrada de importados, o que acaba reduzindo a competitividade do produto nacional. “O sistema hoje cria um privilégio competitivo para os produtos importados, porque pagam menos imposto que os produtos do Brasil. Não tem cabimento que um produto importado tenha uma estrutura tributária privilegiada em relação ao produto nacional”, avaliou o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter.
Segundo Skaf, o empresariado ofereceu apoio para aprovação da medida no Senado e a presidenta aceitou a oferta. “Ela falou que é importante, em qualquer tema de interesse do país, que haja um envolvimento do empresariado. Isso, de certa forma, já há. A Fiesp, por exemplo, está toda hora no Congresso, mas isso pode ser intensificado”.
Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, também participaram da reunião. Em entrevista coletiva após o encontro, Mantega defendeu a aprovação da Resolução 72. "No momento em que está faltando mercado consumidor no exterior e o Brasil tem mercado, aprovar essa resolução é fundamental. Precisamos aprovar rapidamente. Do que jeito que está [a resolução], está prejudicial ao país", disse.
*Colaborou Yara Aquino
Edição: Lana Cristina