Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A população paulista está envelhecendo, segundo a pesquisa SP Demográfico, que foi divulgada hoje (14) pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O levantamento foi elaborado com base em informações de 2010 dos cartórios de Registro Civil e da Secretaria Estadual de Saúde.
O estudo constatou que houve 601.561 nascimentos em 2010 em todo o estado e 263.517 mortes. A diferença entre os dois dados, que resulta no crescimento natural ou vegetativo da população paulista, foi 338.044 pessoas, o menor valor absoluto registrado em São Paulo desde 1980, quando o número se aproximava de 550 mil.
“Percebemos que, nos últimos dez anos, o número de nascimentos vem diminuindo de forma acentuada, passando de quase 700 mil, em 1980, para em torno de 600 mil em 2010. E os óbitos vêm aumentando de forma contínua, refletindo um certo envelhecimento da população”, disse Antonio Benedito Marangone Camargo, demógrafo da Fundação Seade, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo Camargo, o envelhecimento da população não é um fenômeno tipicamente paulista e ocorre em todo o país. “É um processo amplo que vem atingindo o país como um todo e deve se acelerar nos próximos anos”, disse, ressaltando que isso implica em um replanejamento das políticas públicas, principalmente nas questões relacionadas com a Previdência, já que haverá mais gente precisando do benefício do que contribuindo. Além disso, segundo ele, o transporte público precisará ser adaptado e a saúde vai demandar serviços mais especializados.
Camargo disse que o processo de envelhecimento da população paulista é ainda mais acelerado do que o ocorreu nos países desenvolvidos. “Nos países desenvolvidos, o processo foi muito mais lento: a natalidade e a mortalidade foram mudando lentamente. No Brasil, a fecundidade e a mortalidade mudaram muito rapidamente. Por isso é que o processo de envelhecimento é também mais acelerado”, explicou.
De acordo com ele, atualmente as mulheres brasileiras têm, em média, dois filhos, enquanto que, há 40 anos, a média era seis filhos. “Em 50 anos, o número médio de filhos caiu de seis para dois. E o que mais acelera o envelhecimento é a queda da fecundidade”, ressaltou.
A pesquisa também constatou redução na mortalidade infantil e entre os jovens nos últimos anos. A queda da mortalidade infantil, segundo ele, deve-se principalmente aos avanços no saneamento básico e no atendimento médico. Já entre os jovens, a diminuição no número de óbitos está relacionada à redução dos homicídios.
Entre as principais causas de morte em São Paulo, em 2010, estão as doenças do aparelho circulatório, que respondem por cerca de 30% dos óbitos, as neoplasias (17,6%) e as doenças do aparelho respiratório (12,2%).
Mas o dado mais curioso sobre as causas de morte, segundo Camargo, está na redução das mortes por causas externas, que passaram de 14,1%, em 2000, para 9,5%, em 2010. “O estado de São Paulo esteve entre os quatro maiores do Brasil [entre os estados com maior número de mortes por causas externas] e agora está entre os menores. Esse é o fato mais marcante desta década”, declarou o demógrafo.
Outros dados observados pela pesquisa foram o crescimento no número de partos por cesáreas e de casamentos. Apesar das campanhas que estimulam o parto natural, o número de cesáreas cresceu, passando a responder por mais de 60% do total de nascimentos ocorridos em todo o estado e a mais de 80% em regiões como São José do Rio Preto e Barretos. “Até o início da década, os partos naturais ainda superavam as cesáreas. Mas desde 2002, as cesáreas já se tornaram a maior parte”, disse Camargo.
Quanto aos casamentos, foram registrados 252.312 em 2010, o segundo maior volume dos últimos 30 anos, abaixo apenas dos 255.641 casamentos que ocorreram em 2008. “O que está mais aumentando são os recasamentos, pessoas que já eram casadas, se separam e voltam a se casar. Houve um aumento muito grande no número de casamentos entre divorciados”, declarou.
Edição: Aécio Amado