Mercadante diz que simples distribuição de kits contra homofobia não resolve problema

14/03/2012 - 16h48

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse hoje (14), durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que o kit de combate à homofobia, cuja distribuição às escolas de ensino médio foi suspensa  no ano passado, não é a solução adequada para enfrentar o problema. Perguntado pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) sobre quais seriam as ações do governo para combater o bullying (prática repetitiva de atitudes agressivas tanto físicas, quanto psicológicas) contra os alunos homossexuais nas escola, Mercadante disse que a polarização do debate precisa ser evitada.

“Precisamos fazer uma pesquisa mais aprofundada e cuidadosa sobre como construir um diálogo que respeite a diversidade em todas as suas formas, a pluralidade. Vamos ter que estudar mais a fundo a homofobia e como dialogar [com os setores da sociedade], porque o enfrentamento direto, eu acho que não vai ajudar. Simplesmente lançar um material didático, produzir um vídeo e lançar na escola, isso não vai resolver”, afirmou o ministro.

O Ministério da Educação (MEC) estava produzindo um kit com material didático, incluindo vídeos e cartilhas, para tentar combater a homofobia nas escolas. Os kits seriam entregues às escolas públicas de ensino médio, mas a distribuição foi suspensa pela presidenta Dilma Rousseff, após protestos das bancadas religiosas na Câmara e no Senado. A presidenta determinou que o material fosse refeito.

“O clima que nós criamos aqui, no Congresso Nacional, longe de contribuir para o debate, só acirrou as posições. E quem vai pagar a conta dessa intrasigência, dessa polarização, são as crianças mais frágeis que estão lá na ponta do sistema”, disse o ministro.

Para Mercadante, criar uma cultura de tolerância nas escolas é um “grande desafio”. Segundo ele, muitas crianças “chegam em casa humilhadas”, por serem vítimas de bullying, especialmente alunos homossexuais. “Nós temos casos de crianças que chegam ao suicídio por total incompreensão, por não saberem como lidar com essa situação”, reconheceu.

Edição: Nádia Franco