Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O estudante Thiago da Silva, de 22 anos, confirmou hoje (14) que foi torturado por militares do Exército na madrugada do último sábado (10), na Vila Cruzeiro. À tarde ele participou de uma sessão de reconhecimento com 28 militares, na base da Força de Pacificação, no Complexo do Alemão, e apontou dois suspeitos, mas sem dar certeza.
Thiago prestou novo depoimento na 22ª Delegacia de Polícia, na Penha, e contou detalhes de como foi abordado por militares que perguntavam sobre o seu envolvimento com traficantes. Ele disse que foi levado deitado dentro de uma viatura até um matagal, onde foi amarrado em uma árvore, com o uso de uma algema e de um lacre plástico. "Falaram que eu ia ter que dar conta dos traficantes e onde era o esconderijo de drogas. Eu falei que não sabia de nada, que era morador. Eles falaram que eu ia contar tudo para eles. Que eu era olheiro do tráfico."
Segundo o jovem, os militares o torturaram com choque elétrico e uso de spray de gás de pimenta por quase duas horas. Ao puxarem com mais força a algema, os militares teriam quebrado o seu braço direito. Foi quando o liberaram e conseguiu fugir. "Pedi que me soltassem, que meu braço estava quebrado. Foi quando consegui correr e desci um barranco rolando. Cheguei em um local que tinha uns trabalhadores, pedi ajuda, um rapaz veio de moto e me deixou em um posto de gasolina. Tinha um mototaxista abastecendo e me levou para a Vila Cruzeiro, onde um amigo me levou para o Hospital Getúlio Vargas."
O chefe de comunicação da Força de Pacificação, coronel Fernando Fantazzini, disse que já foi aberto um inquérito policial militar (IPM) para investigar a denúncia. Segundo ele, se for comprovado o crime, os militares envolvidos poderão ser expulsos do Exército.
Edição: Aécio Amado