Centro Cultural do Poder Judiciário no Rio reinicia programa gratuito de visitação

12/03/2012 - 6h14

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Figura da mitologia grega, a deusa Têmis, protetora das leis e dos juramentos, será a cicerone, a partir da próxima quinta-feira (15), dos visitantes do Centro Cultural do Poder Judiciário no Rio de Janeiro (CCPJ-Rio). Interpretada pela atriz Dulce Penna de Miranda, Têmis é a personagem da nova temporada do programa gratuito de visitação Por Dentro do Palácio, iniciado em janeiro de 2011, quando o CCPJ foi aberto ao público, tendo como guia o jurista brasileiro Ruy Barbosa, vivido pelo ator Eduardo Diaz.

Vizinho aos modernos edifícios que hoje abrigam o Tribunal de Justiça do estado, o centro cultural ocupa um palácio construído em 1926 para abrigar a Corte de Apelação, nome atribuído pela Constituição de 1891 aos tribunais de elevada instância. Ao longo dos anos, o prédio continuou servindo como tribunal, sempre mudando de nome, de acordo com as constituições, até 2008, quando ainda abrigava, entre outras repartições do Judiciário fluminense, o 1º Tribunal do Júri.

Depois de obras de reforma, ele foi reaberto em 2011 como Centro Cultural do Poder Judiciário. “A visita guiada foi pensada justamente para abrir o palácio à população, que só conhecia o prédio como um tribunal de Justiça. As pessoas passam por aqui e não sabem que podem entrar”, diz a diretora do CCPJ e criadora do programa, Silvia Monte.

Segundo ela, a ideia de fazer um passeio guiado por personagens ligados à Justiça também tem função didática e de busca de aproximação do Judiciário com a sociedade. “As pessoas têm interesse em aprender como funcionam os tribunais, principalmente o do júri, o único em que quem não tem formação em direito julga”, acrescenta.

Silvia Monte destaca o caráter lúdico e descontraído do programa. “Você imagina uma deusa da Justiça descendo do Olimpo para vir falar sobre mitologia, filosofia e, a partir daí, contar a história do nosso Judiciário”. Para ela, iniciativas como essa constituem o diferencial do CCPJ em relação aos outros espaços culturais vinculados ao Judiciário no Rio – o Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF) e o Centro Cultural da Justiça Eleitoral (CCJE).

“Nós nos propusemos a criar programas totalmente originais e que só podem ser concebidos para um espaço ligado à Justiça”, ressalta. Além da visita guiada, outro exemplo dessa linha de atuação é o programa Teatro na Justiça, que promove leituras dramatizadas de peças que discutem valores e questões ligados ao direito.

A partir de hoje (12), até o próximo dia 27, o Teatro na Justiça retoma as apresentações do clássico grego Antígona, de Sófocles. Décimo-segundo espetáculo da série, esse é o segundo em que a leitura dramatizada fica a cargo de um elenco formado exclusivamente por magistrados, alguns aposentados e outros da ativa.  "Antígona discute a questão do poder de decisão, de como é difícil decidir, que é justamente o que o juiz faz. Ele tem que decidir por um lado ou por outro”, explica Silvia Monte, que também dirige o espetáculo.

Ainda este ano, a série Teatro na Justiça vai apresentar uma ópera, que será encenada no recinto do antigo Tribunal do Júri, em parceria com a Escola de Música da Universidade Federal do Rio (UFRJ) e com o curso de direção teatral da Escola de Comunicação da mesma instituição. “É uma ópera que se passa dentro de um tribunal”, conta a diretora. Nesse espetáculo, que será o décimo terceiro da série, o elenco não será formado por juízes e desembargadores: a interpretação ficará a cargo de alunos de canto lírico da Escola de Música.

Para Silvia Monte, a grande atração da ópera será o próprio cenário, já que o 1º  Tribunal do Júri foi palco de julgamentos que marcaram época na cidade do Rio e no Brasil, como o de Gregório Fortunato, ex-chefe da guarda pessoal do presidente Getulio Vargas, até os mais recentes, como o dos acusados dos assassinatos da atriz Daniela Peres e do jornalista Tim Lopes.

Em março, o programa Por Dentro do Palácio pode ser feito nos dias 15 e 16, às 18h; 17, às 16h, e 22 e 29, às 18h. A partir de abril, as visitas ocorrem às quintas-feiras, às 18h. As senhas são distribuídas 15 minutos antes do início da visita, limitada a 40 pessoas por sessão.

O espetáculo Antígona será apresentado às segundas e terças-feiras, às 19h, até o dia 27, também com entrada grátis e senhas distribuídas meia hora antes. O CCPJ fica na Rua Dom Manuel, 29, no centro do Rio.

Edição: Graça Adjuto