Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A organização não governamental ambientalista Greenpeace quer promover a discussão sobre o desmatamento zero durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorrerá em junho, no Rio de Janeiro.
Essa será a principal bandeira da ONG durante o evento. Porém, diante da decepção dos ambientalistas em relação ao rascunho do documento que servirá de base das negociações durante a conferência, conhecido como ‘draft zero’, as manifestações do Greenpeace serão realizadas em eventos paralelos, na Cúpula dos Povos, fora da agenda oficial.
O coordenador do Greenpeace para a Rio+20, Nilo D’Ávila, criticou a “falta de audácia” da Organização das Nações Unidas (ONU) e do governo brasileiro no sentido de construir um documento mais forte. “O ‘draft zero’ é um zero mesmo”, analisou. Para ele, “um documento que começa fraco, tende a terminar mais fraco ainda”.
Por esse motivo, o Greenpeace preferiu levar os debates “para o lado de fora” da conferência oficial. “A gente quer discutir com a sociedade e levar questões importantes sobre a floresta e a matriz energética, em termos globais.”
O governo brasileiro defende o fortalecimento das fontes renováveis de energia na matriz internacional, informou à Agência Brasil o chefe do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador André Corrêa do Lago.
O embaixador, que é o principal negociador do Brasil para a Rio+20, acredita que a sociedade civil tem como função cobrar metas sejam mais ambiciosas dos governos. “Acho perfeitamente legítimo que ONGs, como o Greenpeace, se manifestem a favor de que sejam feitas mais coisas. É extremamente positivo.”
Lago espera que a sociedade influencie as decisões que serão obtidas na Rio+20. “Eu recebo com muita alegria que a sociedade civil queira mais do documento zero e faça todos os esforços possíveis para que o documento zero seja mais ambicioso. A função da sociedade civil é cobrar”, lembrou.
D’Ávila defendeu a inclusão das mudanças climáticas entre os temas a serem debatidos na Rio+20, mas disse que o governo brasileiro parece “querer fugir da questão”. O embaixador esclareceu que existe diferença entre abordar a questão e negociar a mudança do clima. Segundo ele, as negociações sobre o clima têm o seu próprio ritmo e ocorrem dentro da ONU. “Não tem sentido nenhum a Rio+20 abordar negociação de mudança do clima. Mas abordar os temas da mudança do clima, é claro que sim”.
Outro tema que está ganhando força dentro da conferência é a proteção aos oceanos e, por extensão, às águas profundas. “É um dos pilares da discussão contemporânea do Greenpeace”, salientou Nilo D’Ávila. Ele crê que esse deverá ser um dos destaques da conferência oficial.
A participação do Greenpeace na Rio+20 será focada na Cúpula dos Povos, reunião que deverá ocorrer paralelamente, como contraponto às negociações formais. No período, o Greenpeace abrirá à visitação pública o seu mais novo navio, o Rainbow Warrior, cujos equipamentos reúnem o que existe de mais moderno em termos de eficiência energética, aproveitamento de combustíveis e telecomunicações.
A ONG internacional montará também, no Aterro do Flamengo, um acampamento solar, onde voluntários e ativistas ficarão durante dez dias, usando apenas o sol como fonte de energia.
Edição: Lílian Beraldo