Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Até a próxima sexta-feira (9), 55 mulheres que tiveram câncer de mama e passaram por mastectomia serão atendidas em um mutirão de reconstrução mamária realizado em hospitais públicos do Distrito Federal. Ao todo, 40 cirurgiões voluntários e membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica vão realizar os procedimentos.
Joana Jeker dos Anjos, 35 anos, foi diagnosticada com câncer de mama aos 30. Ela enfrentou sessões de quimioterapia, perdeu os cabelos e, por fim, passou pela mastectomia. Dois anos depois, ela conseguiu fazer a cirurgia de reconstrução da mama.
“É um recomeço de vida. Pra gente, mulher mastectomizada, ter a possibilidade de reconstruir a mama é como se o câncer tivesse finalmente ficado para trás e nós pudéssemos começar uma vida nova, plena, cheia de felicidade depois de tanto sofrimento com o câncer de mama”, contou Joana, hoje presidenta da Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília (Recomeçar).
Segundo ela, a mulher que passa por uma mastectomia não se sente completa e, portanto, não consegue se inserir de forma plena na sociedade. A vida social, sobretudo, fica prejudicada. “É muito importante que as mulheres tenham esse direito assegurado pelo sistema público de saúde [SUS]”, avaliou, ao lembrar que a reconstrução da mama não se dá em uma única cirurgia, mas em pelo menos duas ou três – cada uma avaliada em R$ 15 mil.
Durante a cerimônia de abertura do mutirão, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, disse que, até o ano passado, cerca de 300 mulheres aguardavam na fila para fazer a reconstrução da mama. Em 2011, 165 cirurgias foram realizadas – 63 em um único dia também por meio de mutirão. Com isso, 120 mulheres permanecem na espera.
“Como temos uma demanda reprimida, o mutirão ajuda a diminuir isso. Temos a meta de chegar ao final de 2012 e não termos mais demanda reprimida no Distrito Federal. Isso significa dizer que a mulher, ao fazer o diagnóstico, o tratamento, a quimioterapia ou radioterapia, vai ser encaminhada direto para fazer a reconstrução da mama como parte integrante do tratamento.”
Para o governador, a reconstituição da mama representa uma etapa importante na batalha contra o câncer de mama, já que devolve a autoestima à paciente. “Você não pode fazer o tratamento pela metade e a cirurgia plástica para reconstruir a mama é parte integrante do tratamento da mulher que tem câncer de mama e foi mastectomizada”, reforçou.
De acordo com o coordenador de Cirurgia Plástica da Secretaria de Saúde, Marcelo Gea, esse é o terceiro mutirão de reconstrução mamária realizado no Distrito Federal. O tempo na fila, para muitas mulheres, segundo ele, chegava a quatro ou cinco anos. “A partir desse mutirão, a gente tem a expectativa de que a espera seja muito pequena e que, dentro de poucos meses, a paciente que chegar ao hospital consiga sua reconstrução”, disse.
Edição: Lílian Beraldo