Da BBC Brasil
Brasília – A ampla vitória do político de centro-direita Henrique Capriles Radonski nas eleições primárias da oposição venezuelana abre dois cenários de disputa no país meses antes do pleito presidencial de 7 de outubro.
De acordo com analistas, a partir de agora, haverá, de um lado, mais politização e radicalização por parte do presidente venezuelano Hugo Chávez, que busca sua segunda reeleição presidencial, e de outro uma retórica de conciliação, tática que já vem sendo utilizada por Capriles Radonski.
Com 95% das urnas apuradas, Capriles Radonski – governador do estado de Miranda, o segundo mais populoso do país, aparecia com 62% da preferência, mais de 1,8 milhão de votos. Em segundo lugar ficou o também governador Pablo Perez, com 30%, com pouco mais de 860 mil votos.
A participação de eleitores superou as expectativas da aliança opositora: quase 3 milhões de venezuelanos votaram na consulta que era aberta aos 18 milhões de eleitores de todo o país.
Com o aval da base antichavista, Capriles Radonski tende a aprofundar sua estratégia de "des-polarizar" e "des-ideologizar" a disputa eleitoral para poder confrontar Chávez, que apesar de 13 anos à frente do governo, mantém índices de popularidade que flutuam entre 55% e 58%.
Essa tendência "unificadora" ficou marcada no primeiro discurso do candidato da coalizão opositora após sua vitória ontem (12), no qual prometeu governar para todos os venezuelanos, incluindo os "vermelhos", cor do chavismo.
"Não há espaço para preconceitos e ódio nesse projeto [...] nossa experiência diz que se pode governar para todos", discursou diante de centenas de simpatizantes no fim da noite do domingo, em um bairro da classe média-alta de Caracas. "Os venezuelanos estão cansados de divisão e confrontação", disse.
Capriles, que diz ser seguidor do "modelo Lula", utilizou o slogan de campanha do ex-presidente brasileiro para marcar seu discurso. "Quando um povo quer caminhar, a força da esperança sempre derrota o medo.”