Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Em três dias, a Polícia Civil recebeu cerca de 200 armas nos postos de entrega montados nas 136 delegacias de bairro, como parte da Campanha Nacional do Desarmamento Voluntário 2012.
“Há dois meses, nossos policiais já ofereciam apoio ao posto de recolhimento da Viva Rio [organização não governamental]”, disse o subchefe operacional da Polícia Civil, Fernando Veloso, ao acrescentar que a corporação capacitou cerca de 700 policiais para atuar na campanha.
Segundo ele, o objetivo agora é dar “capilaridade” a esse recebimento. “Inclusive, quem tiver dificuldade em se deslocar com a arma de fogo até a delegacia pode entrar em contato com o delegado, que encontrará uma maneira de empenhar policiais para buscar esse cidadão com sua arma, que será destruída.”
O policial ressaltou a importância de obter a guia de trânsito para o transporte da arma. A guia pode ser impressa no site da Polícia Federal. É necessário descarregar e embalar a arma e as munições devem ser levadas separadamente, mas não serão indenizadas.
“O anonimato é garantido e esperamos que isso seja uma motivação a mais, além da própria recompensa pela entrega”, destacou Veloso, ao lembrar que para cada arma entregue são pagos R$ 100, R$ 200 ou R$ 300, dependendo do tipo de armamento. “O policial gera um recibo e a pessoa vai a qualquer agência do Banco do Brasil e recebe o valor após 24 horas.”
A Polícia Civil é responsável por 53% dos postos de entrega de armas no país, com 1.017 delegacias aptas para recolhimento de armamento de civis. No Brasil, existem 1.931 postos de recolhimento.
De maio de 2011 até ontem (7), mais de 40 mil armas foram entregues em todo o Brasil, de acordo com o Ministério da Justiça. Além disso, foram pagos R$ 3,8 milhões em indenizações. São Paulo é o estado com o maior número de armas entregues (11,3 mil armas), seguido do Rio Grande do Sul (5 mil) e Rio de Janeiro (4,2 mil). Ao todo, 175 mil unidades de munição foram recolhidas até o momento. Para 2012, a campanha pretende aumentar o número de postos de entrega e de parcerias com prefeituras, e o orçamento previsto para as indenizações chega a R$ 9 milhões.
As armas de fogo também podem ser entregues nas delegacias da Polícia Federal (PF), nos postos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e nos demais locais cadastrados.
Criada em 2004, a campanha é coordenada pelo Ministério da Justiça e destruiu, até o ano passado, mais de 500 mil armas.
Dados da ONG Viva Rio mostram que, no Brasil, 91% das armas sob a responsabilidade de civis estão em condições ilegais, sem registro. Os revólveres são a maioria das armas entregues. Cerca de 20% do total das armas recolhidas têm grande porte.
Edição: Talita Cavalcante//Matéria alterada para corrigir informação às 13h38.