Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Mais de 1,2 mil mulheres de sete comunidades da capital fluminense receberão capacitação profissional e serão preparadas para lidar com jovens que tenham se envolvido com drogas nas comunidades de Santa Marta, na zona sul, e Acari, Penha, Senador Camará, Cidade de Deus e Reta João 23 (Santa Cruz), no subúrbio do Rio de Janeiro. Os cursos e as oficinas do programa Mulheres da Paz, criado em parceria com o Ministério da Justiça, tiveram início hoje (31).
Depois de quatro meses de capacitação, essas mulheres – selecionadas por critérios como idade acima de 18 anos, renda familiar de até dois salários mínimos, e por terem sofrido algum tipo de violência – terão de atuar como multiplicadoras e repassar as informações que receberam a outras pessoas da comunidade, além de escolher dois jovens que serão acompanhados.
A meta inicial é selecionar 2,5 mil adolescentes, com idade entre 15 e 24 anos, que tenham qualquer grau de envolvimento com drogas ou que estejam cumprindo medidas socioeducativas ou penas alternativas. “A intenção é fazer uma reinserção. Vamos dar um tom diferente em relação à droga, especialmente o crack. O que vamos tentar é iniciar uma política preventiva para que esses jovens não passem para o 'outro lado' e vejam que têm perspectivas e condições de conseguir algo que não seja por meio da droga”, explicou Fátima Nascimento, subsecretária de Assistência Social do município.
Patrícia Vasconcelos foi uma das escolhidas para a primeira etapa do programa. Moradora da comunidade de Santa Marta, em Botafogo, Patrícia ficou sabendo do projeto pela associação de moradores e se candidatou. “Achei que é uma campanha legal. A droga, infelizmente, está tomando o espaço da sociedade e não é só nas comunidades”, disse a dona de casa que lamenta ver muitos jovens, alguns inclusive que ela viu nascer, se envolveram com o crack. Segundo ela, um desses jovens roubou a própria casa para conseguir comprar drogas. “Não tenho mais contato com ele, mas sei que está vivo. Só que depois que entra [nas drogas] é um caminho sem volta”, lamentou.
Apesar de ter acompanhado essas trajetórias, Patrícia garante que é possível mudar parte da história e já sabe quais serão os jovens que vai escolher para acompanhar. “Eles estão começando a ter uma participação [com o tráfico], estão começando a se juntar, uma coisinha aqui outro favorzinho ali. Vou fazer de tudo para poder salvar. Se a gente lutar para isso, a gente vai conseguir”, disse a dona de casa.
Edição: Lílian Beraldo