Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus-BR), Christian Lohbauer, reuniu-se hoje com representantes de ministérios para pedir que o governo assuma o papel de interlocutor, junto às autoridades americanas, na solução do problema gerado desde que a Agência Americana de Drogas e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) anunciou que uma empresa americana detectou baixas quantidades do fungicida carbendazim no suco de laranja comprado do Brasil.
Lohbauer disse que os Ministérios da Agricultura, de Relações Exteriores e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, já têm um grupo que examina o assunto desde que ele veio à tona e que, nas próximas semanas, representantes de cada pasta se reunirão com autoridades americanas de diferentes áreas para tratar o caso. “Vai ser um esforço muito mais político do que técnico, porque a posição técnica já foi toda conversada”.
Embora o carbendazim seja aceito nos outros mercados, está proibido nos Estados Unidos desde 2009 e a detecção do produto no suco brasileiro foi considerado pelos americanos como uma violação das regras, explicou Lohbauer. Após se reunir no Ministério da Agricultura com o secretário executivo, José Carlos Vaz, e o de Relações Internacionais, Célio Porto, ele disse acreditar numa solução a curto prazo.
“A ninguém interessa que o suco brasileiro não entre nos Estados Unidos. É uma questão eminentemente técnica e legal. Não há o interesse, por exemplo, de proteger o mercado interno ou o produtor americano, porque o suco brasileiro é necessário na cadeia produtiva americana, não há outro fornecedor mundial com a proporção do suco brasileiro que forneça para os EUA”, disse Porto.
Lohbauer garantiu que desde a primeira semana de janeiro a indústria brasileira suspendeu o uso do carbendazim em suas lavouras e que um trabalho de divulgação deve ser feito com os demais produtores. O projeto apresentado pela indústria é de uma carência de 18 meses para que 100% do produto brasileiro chegue ao mercado americano sem nenhum resíduo do fungicida proibido lá.
Em relação ao que já foi enviado aos Estados Unidos, que pode ultrapassar 30 mil toneladas do produto, a lei americana prevê duas alternativas: incineração ou reexportação para outros mercados. Lohbauer disse que nenhum exportador deve optar pela incineração. Apesar de aceitar a retirada do fungicida das lavouras brasileiras, o presidente da Citrus-BR disse que não houve falha do produtor nacional.
“O produto está dentro da lei brasileira, todos os outros mercados aceitam. O citricultor não fez nada de errado, a indústria não fez nada de errado. O fato é que a maneira como nós fazemos a medição e o monitoramento da substância não foi suficiente pra evitar que um índice mínimo fosse detectado nos Estados Unidos. A agência americana já oficializou que isso não traz problema para a saúde, então todo suco brasileiro está apto para consumo humano, mas a gente enfrenta uma questão legal”, disse Lohbauer.
O carbendazim é uma das três substâncias usadas em rotação nas lavouras brasileiras de laranja para combater os fungos que a atacam. A solução é a substituição por outro, ainda a ser escolhido, e que, segundo Lohbauer, ainda não existe em quantidade suficiente no mercado brasileiro.
Segundo a Citrus-BR, o Brasil exporta cerca de 1,2 milhão de toneladas equivalentes de suco de laranja por ano a um valor de US$ 2 bilhões. Cerca de 70% disso vai para a União Europeia e 13% para os Estados Unidos. No entanto, 55% das importações americanas de suco de laranja têm origem brasileira. Lá, o suco brasileiro é misturado a sucos de outras procedências, de dentro do país e do México, para dar mais cor e gosto ao produto comercializado.
Edição: Rivadavia Severo