Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Diminuir para menos de um os casos de hanseníase no Brasil para cada dez mil habitantes até 2015 é a meta do Ministério da Saúde. A maior dificuldade, no entanto, é alcançar essa taxa por igual em todas as regiões. No Norte, a taxa é 3,28 casos, no Centro-Oeste, 3,15, e no Nordeste, 1,56, quando a prevalência nacional é 1,24 caso. Somente as regiões Sul e Sudeste já estão dentro da meta, com menos um caso para cada dez mil habitantes.
Para o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, o grande número de pessoas vivendo em uma mesma casa sem condições adequadas de higiene e dificuldade de acesso ao tratamento podem explicar a alta prevalência da doença nas três regiões. “A nossa meta é ter menos de um [caso] do Amapá ao Rio Grande do Sul”, disse.
Para diminuir o número de casos no Norte, Centro-Oeste e Nordeste, o ministério quer adotar estratégias nos estados e municípios para uma busca ativa de pessoas com a doença, identificando principalmente a incidência de hanseníase em menores de 15 anos de idade. Isso será feito inclusive nas escolas e ampliado a parentes e vizinhos de alunos com sinais da doença.
De acordo com Barbosa, quando um menor tem hanseníase, significa que um adulto da família também tem a doença e não está tratando. Desta forma, os agentes de saúde podem identificar o foco da hanseníase é combatê-lo. “É não esperar que a pessoa sinta alguma coisa e vá ao médico”, declarou o secretário.
Outra medida é aumentar o número de unidades de saúde com atendimento a pacientes de hanseníase. O governo federal vai repassar verba extra de R$ 16 milhões aos 252 municípios que respondem por 53% casos das doença.
Para Jarbas Barbosa, a meta de diminuir para menos de um caso para cada dez mil habitantes até 2015 é alcançável, mas reconhece que o Brasil está atrasado na luta contra a hanseníase. “Perdemos quase uma década nos anos 1990. A desorganização e a resistência do país em adotar nova estratégia [prejudicaram o combate à doença]. O Brasil foi muito avançado em algumas doenças [como no caso da aids], mas em outras foi conservador”, declarou. “Se a gente tivesse partido mais cedo, estaríamos em situação melhor”, completou.
Para o secretário, a demora se reflete na posição do Brasil no ranking mundial de países com hanseníase. Segundo Jarbas Barbosa, “ficamos só atrás da Índia na detecção de casos novos, que registra cerca de 125 mil doentes por ano.
Os dados divulgados hoje (26) pelo ministério mostram queda de 15% nos novos casos no Brasil, de 34.894, em 2010, para 30.298, em 2011. A pasta informou ainda que mais de 26 mil pessoas com a doença estão em tratamento. Do total de pacientes que concluem o ciclo do tratamento, 80% ficam curadas. O objetivo é aumentar o percentual de cura para 90%. O difícil acesso a um hospital e o preconceito contribuem para o abandono do tratamento, que dura de seis meses a um ano.
Transmitida no contato de pessoa para pessoa, os primeiros sinais da hanseníase são manchas brancas e avermelhadas no corpo, dormentes e sem sensibilidade ao calor, frio ou a um toque. A doença causa deformidades na pele e nos nervos dos braços, mãos, pés, pernas, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas demora de dois a cinco anos.
A hanseníase tem cura e deixa de ser transmissível assim que começa o tratamento. Disponível na rede pública, o tratamento é à base de um coquetel de comprimidos diários. O paciente pode tomá-los em casa e ir ao médico somente uma vez por mês para avaliação.
Edição: Aécio Amado