Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - No Dia Nacional da Bossa Nova, comemorado em 25 de janeiro por ser a data de nascimento de Tom Jobim, um precursor do gênero é homenageado com uma mostra retrospectiva de sua carreira. A exposição Sergio Ricardo – 80 anos – Um buscador, aberta hoje (25) no Instituto Cultural Cravo Albin (ICCA), na Urca, zona sul do Rio, lança um olhar sobre as múltiplas facetas artísticas do cantor, compositor e instrumentista, que também se destacou como cineasta e artista plástico.
Paulista da cidade de Marília, nascido em 1932, filho de imigrantes sírios, João Lutfi adotou o nome artístico de Sergio Ricardo por causa de uma dessas facetas, a de ator, ao ser contratado pela TV Tupi em meados da década de 50. A carreira musical começou alguns anos antes, quando, já vivendo no Rio de Janeiro, começou a atuar como pianista em casas noturnas da então capital federal. Em uma delas, substituiu Antonio Carlos Jobim que tinha acabado de arrumar um emprego de arranjador na gravadora Continental.
Em 1952, começou a cantar e a compor, e no decorrer da década foi se aproximou de nomes como Johnny Alf, João Gilberto, João Donato e Sylvinha Telles, que viriam a se protagonistas da Bossa Nova. O histórico show de 1958, em um clube universitário hebraico, na zona sul do Rio, que marcou o lançamento do gênero, contou com a participação de Sergio Ricardo.
“Minha preocupação fundamental dentro do que faço na arte sempre foi a busca, e não o sucesso. Busca de caminhos, novidades e de colocar o povo dentro do meu trabalho”, disse Sergio Ricardo, que se diz muito comovido com a homenagem pelos seus 80 anos. “Eu já andava meio esquecido pela mídia, entregue às minhas baratas”, disse, bem humorado.
Autor de canções como Folha de Papel, Pernas e Zelão, em que já demonstrava a sua preocupação com a temática social, Sergio Ricardo ficou marcado nos anos 60 por sua participação no festival da TV Record, em 1967, quando, vaiado pelo público, que não gostou de sua música Beto Bom de Bola, quebrou o violão e atirou o instrumento contra a platéia.
No cinema, além de compor e interpretar trilhas sonoras para filmes, como os de Glauber Rocha, dirigiu quatro filmes: O Menino da Calça Branca, Esse Mundo é Meu, Juliana do Amor Perdido e A Noite do Espantalho. Todos os filmes receberam prêmios em festivais no Brasil e no exterior.
A exposição de fotos, letras de músicas e vídeos no ICCA não é a única homenagem ao artista programada para este ano. De 6 a 8 de março, será apresentada em Brasília, com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, o concerto Estória de João Joana, o único cordel escrito pelo poeta Carlos Drummond de Andrade, e que foi musicado por Sergio Ricardo.
Em junho, o mesmo concerto terá uma outra apresentação a céu aberto em junho, mês de aniversário do artista, na comunidade do Vidigal, na zona sul do Rio. Há 30 anos, Sergio Ricardo vive na comunidade, onde vem desenvolvendo um trabalho de incentivo aos artistas locais. Ainda como parte das comemorações, com datas a confirmar, estão previstas uma mostra dos filmes e uma exposição das pinturas de Sergio Ricardo.
A mostra no ICCA, que fica na Avenida São Sebastião, 2, na Urca, pode ser visitada até 25 de fevereiro, das 10h as 17h, mediante agendamento prévio, pelo telefone (21) 2542-0848.
Edição: Rivadavia Severo