Da BBC Brasil
Brasília – Equipes de resgate encontraram mais dois corpos no navio Costa Concordia, parcialmente submerso na costa da Itália, elevando a cinco o número total de mortes confirmadas até agora no naufrágio. O navio de cruzeiro, que levava mais de 4,2 mil pessoas, incluindo mil tripulantes, naufragou na noite de sexta-feira (13), próximo à ilha de Giglio após se chocar com uma rocha.
Segundo a guarda costeira, os mergulhadores que vasculhavam a embarcação encontraram os dois corpos, de dois homens, presos em um dos pontos de encontro do navio. Entre a madrugada e a manhã de hoje (15), outras três pessoas haviam sido encontradas com vida dentro do navio – um casal sul-coreano em lua-de-mel e um tripulante, que sofreu ferimentos na perna.
Três corpos já haviam sido encontrados ontem (14), de dois passageiros franceses e um tripulante peruano. Cerca de 15 pessoas ainda estão desaparecidas. A maioria dos ocupantes do navio eram italianos, alemães e franceses. Também havia 53 brasileiros a bordo, sendo 47 passageiros e seis tripulantes. Nenhum brasileiro ficou ferido.
O capitão do Costa Concordia foi detido para interrogatório, enquanto a polícia italiana investiga como ocorreu o acidente, apesar das condições tranquilas do mar naquele momento.
O casal de sul-coreanos foi localizado após equipes de resgate ouvirem vozes em uma cabine dentro do navio parcialmente submerso na noite do sábado, mas eles só puderam ser retirados muitas horas depois. Os dois, ambos com 29 anos, estavam em boas condições de saúde.
Mais tarde, um terceiro sobrevivente foi encontrado – um tripulante italiano, que foi retirado no início da tarde com suspeita de fratura na perna. Mergulhadores continuam tentando vasculhar as partes submersas do navio, que tombou lateralmente próximo à ilha de Giglio.
A embarcação, operada pela empresa Costa Crociere, havia deixado o porto de Civitavecchia na manhã de sexta-feira para um cruzeiro de uma semana pelo Mediterrâneo. O presidente da Costa Crociere, Gianni Onorato, afirmou que o principal foco da companhia era dar assistência aos sobreviventes e levá-los de volta aos seus países.
Ele disse ser difícil determinar o que aconteceu, mas adiantou que o navio sofreu um blecaute após se chocar com "uma grande pedra". "Trabalharemos com toda a transparência com as autoridades italianas para entender as causas do desastre", garantiu.
Onorato destacou que os procedimentos normais para evacuação, com botes salva-vidas, tornaram-se "quase impossíveis" porque o navio virou muito rapidamente. Muitos passageiros pularam na água gelada e nadaram os cerca de 300 metros que separavam a embarcação de terra firme. Alguns também se abrigaram no deck do navio e foram retirados de helicóptero.
Um promotor da cidade de Grosseto, que está investigando o acidente, contou que o capitão do navio, Francesco Schettino, teria se aproximado "de modo pouco hábil" da ilha de Giglio, segundo a agência de notícias italiana Ansa.
A maioria dos sobreviventes foi levada no sábado a Porto Santo Stefano, já na porção continental da Itália, a 25 quilômetros de Giglio. Segundo o correspondente da BBC no local, Alan Johnston, muitos chegaram ainda enrolados em cobertores e vários ainda se mostravam abalados pelo que haviam enfrentado.
Uma sobrevivente, Mara Parmegiani, revelou à imprensa italiana que houve "cenas de pânico". "Estávamos muito assustados e congelando porque aconteceu durante o jantar, então ninguém teve tempo de pegar mais roupas. Eles nos deram cobertores, mas não havia em quantidade suficiente", disse.
Vários sobreviventes disseram que tiveram de engatinhar pelos corredores já inclinados e compararam o acidente ao naufrágio do Titanic, em 1912, no qual mais de 1.500 pessoas morreram. “É fácil fazer essa comparação, porque agora podemos entender o que aconteceu no Titanic”, disse a passageira Francesca Sinatra.