Da BBC Brasil
Brasília – O presidente da Síria, Bashar Al Assad, aprovou hoje (15) uma anistia geral para todos os crimes cometidos durante os dez meses de protestos populares contra o governo, segundo a agência oficial síria Sana. A anistia será aplicada aos desertores do Exército que se entregarem antes do final deste mês, a manifestantes pacíficos e a outros que entregarem armas ilegais.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 5 mil pessoas já morreram em consequência da repressão ao levante e 14 mil pessoas envolvidas nos protestos estariam presas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a Assad o fim da violência no país. "Pare com a violência, pare de matar seu povo. O caminho da repressão é um beco sem saída", afirmou Ki-moon durante uma conferência sobre democracia nos países árabes em Beirute, no Líbano.
Assad já concedeu, anteriormente, por várias vezes, anistia a prisioneiros desde o início dos protestos, em março, mas milhares ainda permaneceriam presos. Segundo o correspondente da BBC Jonathan Head, a anistia anunciada neste domingo ainda não indica o possível fim dos conflitos.
Dezenas de milhares de pessoas em várias regiões da Síria continuam saindo às ruas para pedir o fim do regime de Assad, desafiando a repressão do governo.
Em uma rara manifestação pública na semana passada, Assad acusou novamente as potências internacionais de tentarem desestabilizar a Síria e prometeu esmagar os "terroristas" com um "punho de ferro".
Ontem (14), o líder do Catar, Hamad Bin Khalifa Al Thani, afirmou que os países árabes deveriam enviar tropas para a Síria para interromper o derramamento de sangue. "Para uma situação dessas, para interromper a matança, tropas deveriam ir para lá", disse ele à TV americana CBS. Esta é a primeira vez que um líder árabe defende publicamente uma intervenção militar na Síria.