Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As recorrentes enchentes neste período do ano em várias cidades do país em grande parte se devem à falta de investimento em projetos de prevenção a desastres. É o que defende o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP). Esse assunto deve nortear o debate dos deputados e senadores da Comissão Representativa do Congresso Nacional com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, amanhã (12).
"É necessário discutir uma metodologia, uma política de combate às enchentes. O problema, hoje, é que os governadores e prefeitos apresentam os projetos que são determinantes para a distribuição desses recursos", disse o parlamentar. Para ele, o certo seria o governo desenvolver uma política nacional e repartir esses recursos previstos no Orçamento igualmente entre estados afetados pelas fortes chuvas de verão.
Perguntado sobre as denúncias de irregularidades no ministério na gestão de Bezerra, o líder petista disse que "os parlamentares têm que olhar para o futuro" e aproveitar o encontro para debater essas propostas de mudanças na repartição dos recursos destinados a combater enchentes. Fernando Bezerra é acusado de beneficiar seu estado natal, Pernambuco, com 90% das verbas orçamentárias para prevenção contra desastres naturais e de prática de nepotismo.
O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), que integra a comissão, disse que "a saída de Bezerra deve ocorrer mesmo em fevereiro com a reforma ministerial". Até o momento, a presidenta Dilma Rousseff tem dito que não haverá uma reforma ministerial ampla, mas mudanças pontuais para melhorar a gestão pública.
Raupp disse ainda que a base governista na comissão representativa tem maioria "folgada" para colaborar com o governo. Ele reconheceu que os parlamentares da oposição deverão pressionar o ministro por causa das denúncias, mas que, ao final, será um debate tranquilo.
O Democratas promete pressionar o ministro, de acordo com o líder no Senado, Demóstenes Torres (GO). Ele disse que o parlamentar reforçará a tese de que todas as denúncias devem ser apuradas pelo governo e Ministério Público.
Alheio às notícias divulgadas hoje de que o ex-governo de Minas Gerais e atual senador Aécio Neves (PSDB-MG) sugeriu que os representantes do partido poupassem o ministro, o líder no Senado, Álvaro Dias (PR), disse que sua intenção "é explorar os fatos, difundir as denúncias à população para que tome conhecimento".
Álvaro Dias destacou que ninguém do partido entrou em contato com ele para fazer qualquer pedido a fim de evitar críticas mais contundentes a Fernando Bezerra. Sobre a notícia veiculada de que a intenção do senador mineiro seria de não se indispor com o PSB, partido responsável pela indicação de Bezerra para a Integração Nacional, o líder tucano não gostou do assunto.
"Se [a informação] for verdadeira é descabida. É algo improvável e seria uma proposta péssima porque o PSDB deixaria de cumprir com seu papel de oposição em nome de uma pretensão improvável de aliança com o PSB nas eleições presidenciais [de 2014]".
Edição: Talita Cavalcante