Monica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina
Buenos Aires – Para dissipar qualquer dúvida sobre seu estado de saúde, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, mandou divulgar os resultados de todos os exames médicos realizados antes e após a cirurgia de tireoide, a qual foi submetida no último dia 4. A presidenta havia sido anteriormente diagnosticada com câncer, mas, no sábado passado (7), os médicos constataram que o tumor retirado não era maligno, como pensavam. Cristina está se recuperando da operação na residência presidencial de Olivos.
O diagnóstico de câncer veio no dia 22 de dezembro, quando uma ecografia e uma punção determinaram que ela tinha um carcinoma papilar no lobo direito da glândula tireoide. Exames posteriores demonstraram que ela não tinha metástates e que não precisaria de quimioterapia ou radioterapia, mas os argentinos acompanharam preocupados o estado de saúde da presidenta, que ficou internada três dias no Hospital Universitário Austral, antes de receber alta e voltar para casa. Quando os médicos examinaram o tumor que havia sido extirpado descobriram que era benigno.
“O estado de saúde de um presidente sempre preocupa, mas, no caso da Argentina, onde Cristina Kirchner concentra mais poderes do que qualquer presidente eleito desde o retorno da democracia, em 1983, a doença dela tem um peso político”, disse à Agência Brasil o analista político Rosendo Fraga. Eleita em 2007, para suceder seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, Cristina foi reeleita em outubro de 2011 com 54% dos votos e quase sem oposição. A presidenta conta ainda com maioria no Congresso.
O projeto político dos Kirchner era alternar-se no poder. Mas Néstor Kirchner morreu do coração, um ano antes das eleições presidenciais. Na época, muitos achavam que Cristina não teria ânimo para buscar um segundo mandato. Ela não só disputou as eleições, como obteve uma diferença histórica em relação ao segundo colocado, que conquistou apenas 12% dos votos.
O secretário-geral da Presidência, Oscar Parrilli, explicou nesta segunda-feira que não houve erro médico, nem qualquer intenção de esconder a verdade em relação à doença da presidenta. “Absolutamente tudo foi informado, na medida em que ia acontecendo”, disse Parrilli, em entrevista a uma rádio argentina. Segundo ele, o caso de Cristina é um dos raros casos em que os exames médicos registram um “falso positivo”.
O diretor do Centro Médico Maipu, onde foram feitos os primeiros exames médicos, explicou que é habitual fazer uma biópsia depois da retirada do tumor e compará-la com aquela feita antes da cirurgia. Em 2% dos casos, os resultados são diferentes. A presidenta pediu que o exame original fosse publicado na íntegra, na página do hospital na internet, para dissipar qualquer dúvida.
Agora, a expectativa é saber se Cristina continuará de licença médica até o próximo dia 24 ou se voltará a trabalhar antes.
Edição: Lana Cristina