Roberta Lopes *
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O representante iraniano na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Ali Ashgar Soltanieh, garantiu hoje (9) que o enriquecimento de urânio na central de Fordo, em seu país, foi iniciado sob supervisão da agência, organismo internacional regulador da questão.
Esta foi a primeira manifestação de um representante do Irã desde que dois diplomatas da AIEA relataram às autoridades da agência, em sua sede em Viena, que as centrífugas nas instalações subterrâneas de Fordo estão enriquecendo urânio a 20%. Quando enriquecido a esse percentual, o urânio pode ser usado para fabricação de armas nucleares. “Todas as atividades nucleares, incluindo o enriquecimento de urânio em Natanz e em Fordo, são supervisionadas pela AIEA”, disse Soltanieh à televisão iraniana em língua árabe Al-Alam.
No último fim de semana, um jornal iraniano noticiou que a central de Fordo começou a enriquecer urânio a 20%. Antes, apenas era conhecido o enriquecimento de urânio em Natanz, a principal instalação nuclear iraniana. A informação foi confirmada pelos diplomatas da AIEA, em Viena, segundo os quais uma inspeção feita na semana passada, pela organização, em Fordo, contabilizou 348 centrífugas.
O enriquecimento de urânio está no centro do impasse nas negociações entre o Irã e as potências ocidentais em função do potencial que o urânio a 20% tem para fabricação de armas atômicas e não apenas para produção de energia. O urânio para a fabricação de armas tem de ser enriquecido a 90%.
O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins civis, mas países do Ocidente suspeitam que tenha fins militares. Esses países defendem a suspensão do enriquecimento de urânio no Irã até que inspeções da AIEA possam confirmar a natureza civil do programa.
O país já sofreu várias sanções por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas, dos Estados Unidos e também de nações europeias.
O Irã começou a enriquecer urânio em 2006, em Natanz, central onde funcionam cerca de 8 mil centrífugas.
Em fevereiro de 2010, o Irã começou a enriquecer urânio a uma porcentagem mais elevada, próxima a 20%, argumentando precisar de material mais enriquecido para produzir combustível para um reator que produz radioisótopos para doentes de câncer.
* Com informações da Agência Lusa
Edição: Lana Cristina