Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os desastres naturais que afetaram o Japão no início do ano e a crise econômica afetaram as remessas enviadas por emigrantes desse país a parentes brasileiros. De março – mês em que ocorreu o terremoto seguido de tsunami – a novembro, as transferências voluntárias de recursos do Japão para o Brasil caíram 13,81% em comparação com o mesmo período do ano passado, de US$ 254,1 milhões para US$ 219 milhões.
As informações são do Banco Central que, na última semana, divulgou o Relatório do Setor Externo de novembro. No acumulado do ano, as remessas também sofreram retração. De janeiro a novembro, as transferências sofreram retração de 12,79% em relação aos 11 primeiros meses do ano passado. Em valores, os envios caíram de US$ 312 milhões para US$ 272,1 milhões.
Em 2011, somente em um mês as transferências de emigrantes superaram o valor remetido em 2010. Em setembro, as remessas somaram R$ 28,1 milhões, contra R$ 24,8 milhões registrados no mesmo mês do ano passado. Nos demais meses, os valores foram inferiores.
As transferências unilaterais representam as doações de recursos do exterior para o Brasil. São chamadas de unilaterais porque o dinheiro é repassado ao país sem a necessidade de devolução. Nessa categoria, enquadram-se o dinheiro que os emigrantes enviam ao país de origem e doações a organizações não governamentais. O Banco Central, no entanto, divulga separadamente as transferências referentes à manutenção de residentes – dinheiro que efetivamente vem de parentes que moram no exterior.
Os números indicam que a diminuição nas transferências unilaterais não está relacionada apenas às tragédias naturais, mas também à crise nos países desenvolvidos. Os repasses caíram 24,45% em outubro e 40,86% em novembro em relação aos mesmos meses de 2010.
Após o terremoto e o tsunami, a economia japonesa sofreu grande retração. O Produto Interno Bruto (PIB), soma de tudo o que um país produz, caiu 1,7% no primeiro trimestre e 0,5% no segundo. No terceiro trimestre, o PIB subiu 1,4% em relação aos três meses anteriores. A recuperação, no entanto, não foi suficiente para reativar a economia japonesa, que registra 0,8% de retração no acumulado de 2011.
A tragédia natural e a crise econômica não se refletiram em outros indicadores econômicos. As exportações brasileiras para o Japão aumentaram 32% de janeiro a novembro, de US$ 6,49 bilhões para US$ 8,56 bilhões, impulsionadas pelas vendas de ferro, frango e café. As importações do país asiático também cresceram, mas em ritmo menor: 14%.
Apesar de a fabricação de automóveis ter sido suspensa em algumas fábricas nas semanas posteriores ao tsunami, as importações de veículos japoneses saltaram 117% em 2011, mais do que dobrando em relação a 2010. Entre os principais produtos comprados do Japão, somente as importações de peças para automóveis e tratores caíram, com retração de 15%. A entrada desses componentes, no entanto, registrava diminuição desde antes de março, quando ocorreram os desastres naturais.
Na esteira da entrada recorde de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país, os investimentos de empresas japonesas também cresceram significativamente em 2011. De janeiro a novembro, as empresas do Japão investiram US$ 7,295 bilhões, volume quase dez vezes superior aos US$ 797 milhões registrados no mesmo período de 2010.
Edição: Graça Adjuto