Palhaços do Brasil e do mundo participam de encontro para discutir a função do riso na sociedade

05/12/2011 - 17h41

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O show de um dos mais importantes palhaços bufões da atualidade, o italiano Leo Bassi, abre hoje, às 20h, no Teatro Nelson Rodrigues da Caixa Cultural, no centro do Rio, a décima edição do Anjos do Picadeiro – Encontro Internacional de Palhaços. Artista provocador e questionador das estruturas sociopolíticas, vindo de uma família circense com mais de 170 anos de história, Bassi é uma das atrações internacionais do encontro, que vai até o próximo domingo (11).

Palhaços de todo o Brasil e de oito países farão apresentações de rua, em salas de espetáculo e em comunidades de baixa renda, dentro da programação do evento, que também promove seminários e debates sobre a função social e política do riso. Um dos destaques é a "palhaceata", grande cortejo cômico formado por todos os palhaços participantes do encontro, que percorrerá ruas do centro do Rio na próxima quarta-feira (7).

A passeata, marcada por performances lúdicas e bem-humoradas, terá como mote uma hipotética greve de palhaços – “Como seria o mundo sem o riso?” é a pergunta provocadora que os palhaços querem fazer com manifestação. Para o encerramento, no dia 11, está programada uma maratona de 12 horas ininterruptas de espetáculos, a Overdoze.O Anjos do Picadeiro é uma realização do grupo Teatro do Anônimo, criado há 25 anos com a preocupação de aprofundar a investigação sobre a arte de fazer rir. Nas nove edições anteriores, o evento reuniu 1.500 artistas e um público de cerca de 120 mil pessoas.

A proposta de discutir o humor continua presente na programação deste ano. Oito trabalhos acadêmicos sobre o riso estão sendo apresentados hoje (5) em um seminário, na Sala Margot do Teatro Nelson Rodrigues e, amanhã (6), haverá um debate com a espanhola Pepa Plana, criadora do Festival de Palhaças de Andorra. “Esse é o momento sério do nosso encontro”, diz João Artigos, fundador do Teatro do Anônimo.

Uma das discussões é sobre a situação do circo no Brasil. Para Artigos, o segmento está numa curva ascendente e retomando seu lugar de destaque, mas ainda há muito o que conquistar. “O circo, talvez, seja uma das manifestações artísticas com maior capilaridade no Brasil. Do Oiapoque ao Chuí, você pode encontrar circos grandes ou mambembes percorrendo o país, mas ainda faltam políticas públicas para dar mais condições ao segmento”, diz.

O criador do Anjos do Picadeiro é parte de uma geração que já teve a oportunidade de se formar em técnicas circenses nas escolas especializadas abertas no país. Segundo ele, “isso trouxe para o circo um novo tipo de profissional, diferente daqueles que vinham de famílias circenses tradicionais”.

A programação completa do evento pode ser conferida no site www.anjosdopicadeiro.com.br .
 

Edição: Lana Cristina