Setor coureiro-calçadista aposta em inovação para enfrentar concorrência internacional

09/11/2011 - 16h00

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O setor coureiro-calçadista brasileiro aposta no tripé sustentabilidade, inovação e design para elevar a base exportadora, aumentar o valor agregado dos produtos e fazer frente aos concorrentes internacionais.

Com uma força de trabalho de 500 mil trabalhadores no país, o setor busca alternativas que compensem o custo de produção mais elevado no Brasil, segundo a gestora de projetos do setor de couro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Deborah de Oliveira Rossoni.

“Quanto mais a gente desenvolver um produto com design, diferencial e conceito próprios, mais o produto terá em termos de valor agregado. Temos que criar na mente do comprador e do consumidor internacionais que o produto brasileiro tem o diferencial que eles buscam, tem o conceito Brasil”, disse Deborah.

Segundo ela, outro tema importante para o setor é a sustentabilidade, já que o couro é um produto sensível em todo o processo de produção, desde a utilização de pastagens para o gado, até o produto final. “A sustentabilidade é um tema importante para o governo. Hoje, o mundo todo olha para o Brasil, buscando a sustentabilidade dos processos e produtos”.

Ela participou do Congresso Mundial do Couro, promovido no Rio de Janeiro pelo Conselho Internacional de Curtumes (ICT) e pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

O presidente do ICT e do CICB, Wolfgang Goerlich, disse que a meta para 2011 é exportar em torno de US$ 2 bilhões, mas que em decorrência da crise econômica mundial, o cenário ainda está nebuloso para o próximo ano. “Os pedidos diminuíram no último trimestre, não só no Brasil, mas no mercado mundial”.

No caso do couro, Deborah destacou a mudança ocorrida em termos de exportação do valor agregado, nos últimos dez anos. Em 2000, a relação era 70% de exportações de couro wet blue (aquele que passou por um processo inicial de curtimento para depois receber o acabamento com novas cores e texturas) e 30% de couro acabado. Em 2000 as exportações somaram US$ 760 milhões. No ano passado, atingiram US$ 2,2 bilhões.

“Hoje, isso se inverteu, 70% do valor exportado são acabados e 30% são wet blue. Isso mostra que a indústria conseguiu ganhar valor agregado”, disse a gestora da Apex Brasil.

Entre 2000 e 2010, o setor coureiro aumentou em 25% o número de importadores, passando de 68 países para 85 países. Atualmente, os principais compradores são a Itália e os Estados Unidos, países afetados pela crise econômica, além da China.

A meta estabelecida pela Apex Brasil em conjunto com o CICB é reforçar as exportações de couro nos países para os quais o setor já exporta e ampliar os mercados, para reduzir a dependência dos Estados Unidos e da Europa.

Os principais consumidores de couro são os setores calçadista, automotivo, moveleiro, além da indústria da moda. Nos últimos anos, a utilização de couro tem crescido nos segmentos náutico e aeronáutico.
 

Edição: Rivadavia Severo