Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O corpo do cinegrafista da Band Gelson Domingos foi sepultado hoje (7), no Cemitério Memorial do Carmo, zona portuária da cidade. Ele morreu ontem (6), atingido por um tiro de fuzil, no peito, quando cobria ação policial contra traficantes que agem na favela de Antares.
Parentes do cinegrafista destacaram o espírito aguerrido do profissional, que amava a profissão, mas nunca se descuidava de sua própria segurança. “Ele se transformou em mais uma estatística da violência. Mas, para nós, ele era um herói. Nossa família está hoje chorando, mas sabemos que ele cumpriu tudo o que tinha de passar aqui. E fez bem. O trabalho dele, ele fazia com amor”, desabafou o irmão, Ricardo Domingos. Domingos trabalhava também na TV Brasil.
O jornalista Ricardo Boechat, âncora do telejornal da noite da Band, destacou que a melhor notícia não vale o menor risco, mas reconheceu que os profissionais, principalmente os de imagem, são movidos por engajamento e paixão. “Eles vão no limite do que acham que podem ir, em busca da notícia. Mas a margem de risco de jornalistas que estão no campo, cobrindo ações policiais, especialmente no Rio de Janeiro, é elevadíssima”, disse Boechat.
O âncora da Band ressaltou, contudo, que, apesar de serem necessárias medidas de segurança nesse tipo de cobertura, a imprensa não pode deixar de ir às comunidades pobres cobrir as ações policiais. “Seria como ignorar a realidade. Como as pessoas saberão o que está acontecendo lá dentro, inclusive fora do que a polícia queria que acontecesse?”, perguntou.
O coordenador de Comunicação Social da Polícia Militar do Rio, coronel Frederico Caldas, disse que as forças de segurança não vão recuar nem dar trégua aos traficantes que fugiram de áreas recentemente pacificadas, como o Complexo do Alemão e a Mangueira, para estabelecer-se em outras comunidades, onde se impõem pela violência.
“Esse é um momento para, mais do que nunca, reforçar a nossa posição, de intransigência e disposição, de enfrentar o crime onde quer que ele esteja, na zona oeste ou na zona sul. Estamos atentos a qualquer tipo de movimentação de marginais em fuga de áreas ocupadas pelas UPPs [unidades de Polícia Pacificadora]. Onde quer que eles estejam, nós estaremos também”, enfatizou Caldas.
Edição: Lana Cristina